Prefeitura de São Paulo deve incorporar farinata na merenda escolar

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O prefeito de São Paulo, João Doria, confirmou nesta quarta-feira (18) que pretende incorporar a farinata na merenda escolar dos alunos da rede municipal. A farinata é uma farinha obtida a partir de alimentos que estejam próximos da data de vencimento e que serão descartados. O produto foi elaborado pela organização sem fins lucrativos Sinergia.Na semana passada, Doria anunciou que usaria o produto no Programa Alimento para Todos, que prevê a distribuição do composto para a população carente da cidade. O uso da farinata gerou polêmica apôs o prefeito mostrar um biscoito em forma de bolinhas que foi chamado de ração nas redes sociais.

"Na prefeitura de São Paulo, a Secretaria de Educação já foi autorizada a utilizar o alimento solidário de forma complementar na merenda escolar, com todas as suas características de proteínas, vitaminas, sais minerais, para a complementação dessa merenda já com início em outubro", disse Doria.

Entretanto, o prefeito não soube informar quais serão os compostos introduzidos na merenda.Segundo Doria, apesar de ter promulgado a Lei 01-00550/2016, que institui e estabelece diretrizes para a Política Municipal de Erradicação da Fome e Promoção da Função Social dos Alimentos, a administração nunca disse que já estava pronta para implantar o projeto. "Eu disse que, a partir daquele momento, podíamos iniciar o processo de incorporação da farinata e sua distribuição".

De acordo com a secretaria municipal de Direitos Humanos, Eloisa Arruda, ainda serão realizados estudos para conhecer as carências nutricionais da população da cidade de São Paulo. "Ainda não está definido o que vai chegar às escolas em outubro, mas estamos em contato com o secretário da Educação para que ele nos apresente qual é o cardápio destas creches. e a introdução pode ser feita paulatinamente". O estudo deve ser feito pelo Observatório de Políticas para o Desenvolvimento Social, da Secretaria de Desenvolvimento Social.

Eloisa enfatizou que o alimento in natura continuará sendo fornecido e seu uso, incentivado, mas que serão analisadas as necessidades alimentares nas regiões da cidade para que o alimento solidário seja incorporado. "Não vamos substituir alimentos in natura. Temos regiões em São Paulo que são chamadas de desertos alimentares, nas quais o alimento in natura não chega pela dificuldade logística. O que queremos é alimentos de boa qualidade dos supermercados fora da conformidade que cheguem a esses desertos alimentares. é um projeto amplo que está apenas começando". 

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A fundadora da Sinergia, Rosana Perrotti, explicou que farinata é um composto feito com alimentos bons, e que são empregadas diversas técnicas para permitir o reaproveitamento. "Testamos todas as técnicas que chegaram a nós e conectamos todas elas de forma que qualquer alimento que entra, sai o mesmo, mas em formato de pó ou granulado”.

Segundo Rosana, a única diferença entre tal alimento e o produzido pela indústria é que a farinata é patenteada exclusivamente para os programas de combate à fome. "Esta é uma inovação que esperamos que inspire o Brasil e o mundo. Só vamos conseguir produzir para essa finalidade por meio de políticas públicas".