Temperamento imprevisível e explosivo de Lúcio Funaro preocupa Planalto
Doleiro e ex-sócio de Eduardo Cunha estaria com negociação para acordo de delação premiada adiantada
A provável delação do doleiro Lúcio Funaro, que segundo interlocutores estaria em negociações adiantadas, tem feito o Planalto ligar o sinal de alerta. O conhecido temperamento explosivo do ex-sócio do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) preocupa, e deixa o cenário ainda mais imprevisível para o governo Michel Temer.
Um dos depoimentos de Funaro - que afirma ter entregue pessoalmente malas de dinheiro ao ex-ministro Geddel Vieira Lima - resultou na prisão de um dos homem de confiança de Temer, afastado do governo após denúncias de tráfico de influência, e preso acusado de obstrução de investigação sobre irregularidades na liberação de recursos da Caixa Econômica Federal.
Temer enfrenta denúncia da Procuradoria-Geral da República de corrupção passiva, no âmbito das conversas gravadas com o empresário Joesley Batista, da JBS. A Câmara vai votar, no dia 2 de agosto, parecer sobre a denúncia, autorizando ou não o Supremo Tribunal Federal a dar prosseguimento no processo. Até lá, interlocutores do Planalto temem que fatos novos possam piorar ainda mais a situação de Temer.
Temperamento
Funaro é conhecido por hábitos pouco ortodoxos. Em 2007, o doleiro foi expulso de um bar após brigar com um advogado, cliente do estabelecimento. Ele conversava sobre uma reportagem que falava de uma declaração feita por Funaro ao Ministério Público, de que o ex-ministro José Dirceu teria recebido propina pela indicação de diretores para o fundo de pensão dos funcionários das Companhias Docas.
Após ficar sabendo da conversa, Funaro entrou irado no bar, sendo posteriormente expulso do estabelecimento pelo dono do estabelecimento. Dois dias depois da confusão, Funaro comprou o prédio onde ficava o bar, por R$ 300 mil. Despejou o dono e derrubou o botequim. Espalhou na cidade que o dono do bar não pagava suas contas, e foi processado por calúnia e difamação.
Um semanal de Vargem Grande, cidade de Funaro, enraiveceu o doleiro na época em que o veículo publicava os desdobramentos da Operação Satiagraha, que investigava o banqueiro Daniel Dantas por crimes financeiros. Toda vez que algum fato novo sobre o caso era publicado, Funaro voava com seu helicóptero, dando rasantes rente ao teto do jornal e da casa de Tadeu Ligabue, dono do semanal. À Folha de S. Paulo, que conta esta e outras histórias sobre o doleiro, Ligabue preferiu ficar calado. “Esse cara é perigoso. Melhor não comentar sobre ele.”
De acordo com John Mendes Reis, filho do ex-deputado Albano Reis, o “Papai Noel de Quintino”, Funaro certa vez o recebeu com uma arma na mão. O doleiro era conhecido da família do ex-deputado. “Na última vez que nos encontramos, ano passado, quando fui ao escritório dele no Itaim Bibi (SP) para cobrar o que devia a minha família, Lúcio me recebeu com uma pistola na mão. Enquanto sacudia a arma, ele me disse que era assim que recebia os credores”, afirmou John.
De acordo com a Temer tenta evitar delação de Cunha
