'WSJ': Polícia Federal do Brasil acusa 21 pessoas por homicídio no caso Samarco

Reportagem diz que funcionários antigos e atuais da Vale, BHP e Samarco foram acusados

Por

Matéria publicada nesta sexta-feira (21) pelo The Wall Street Journal conta que o Ministério Público Federal (MPF) informou nesta quinta-feira que denunciou à Justiça 22 pessoas e 4 empresas, sendo 21 pessoas por homicídio qualificado com dolo eventual, pelo rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Samarco, em novembro do ano passado. 

O Journal destaca que o fato, considerado o maior desastre ambiental da história do Brasil com o rompimento da barragem em Mariana (MG), deixou 19 mortos, centenas de desabrigados e poluiu o rio Doce, que percorre diversas cidades até atingir o litoral capixaba.

O jornal norte-americano destaca que a procuradoria pública vê sinais de que a barragem corria riscos há alguns anos, o que ficou mais claro em 2014, e Samarco e suas proprietárias, a Vale com a anglo-australiana BHP Billiton, não tomaram medidas satisfatórias para evitar o acidente.

> > Brazil Charges 21 People With Homicide in Samarco Mining Dam Collapse

O WSJ afirma que segundo procuradoria os executivos denunciados apoiaram um processo de aumento da produção na região, que teria colaborado com o rompimento da barragem de Fundão, mesmo sabendo do problema. Em sua avaliação, a empresa buscava lucro em meio aos baixos preços globais do minério.

Wall Street Journal acrescenta que o MPF afirmou ainda que as investigações do caso identificaram documento interno da Samarco que previa, em caso de rompimento da barragem, a possibilidade de provocar até 20 mortes, dano ambiental e paralisação das atividades da empresa por até dois anos. O documento ajudou a embasar a denúncia de homicídio qualificado com dolo eventual, quando se assume o risco de cometer o crime, disse o MPF.

Para finalizar o noticiário informa que também foram denunciados 11 integrantes do Conselho da Samarco, incluindo representantes da Vale, como o diretor de ferrosos Peter Poppinga, e representantes da BHP Billiton.

"A segurança sempre foi uma prioridade na estratégia da Samarco, que reitera que nunca reduziu os investimentos nesta área de gestão", acrescentou a empresa.

Vale reafirmou o seu "profundo respeito e total solidariedade" com as vítimas do desastre, mas disse que "repudia veementemente" as acusações apresentadas quinta-feira (20) e acrescenta ques "nunca foram informados pela equipe técnica ou de liderança da Samarco de quaisquer irregularidades que poderiam ter representado riscos reais ou irredutíveis para a represa, nem por qualquer consultoria responsável pelo acompanhamento da estrutura."