Assessor político de Temer espalha boato sobre falsa declaração de Dilma

Gaudencio Torquato disse que Brasil será invadido por exércitos de três países

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Assessor político do Palácio do Planalto, o consultor de comunicação Gaudêncio Torquato postou mensagem em sua conta no Twitter neste fim de semana informando que a ex-presidente Dilma Rousseff teria dito, em entrevista à Rádio Guaíba, do Rio Grande do Sul, que o Brasil pode ser invadido pelos exércitos da Venezuela, da Bolívia e do Equador, caso o ex-presidente Lula seja preso na Lava Jato.

A informação inicial foi veiculada pelo colunista Augusto Nunes, da revista Veja. O título da nota na coluna afirma "Dilma adverte: se Lula for preso, o país pode ser invadido pela Tríplice Aliança". Reproduzida na nota do colunista, a declaração da ex-presidente, no entanto, era bem menos alarmista e não fazia nenhuma relação com possível invasão de exércitos ao país: "A prisão será vista como corolário do golpe pelo mundo", declarou a ex-presidente.

Horas depois, ao perceber que estava espalhando um boato, o assessor político corrigiu, colocando a culpa no colunista da Veja. "Li essa ideia maluca no blog do Augusto Nunes. Não acredito que Dilma disse isso. Invasão do Brasil por exércitos da Venezuela, Bolívia e Equador? Alerta, alerta!! Fakes por todos os lados!! Vivemos o ciclo da pós-verdade!! Separemos a mentira da verdade", escreveu Gaudencio Torquato.

Curiosamente, no dia anterior, o assessor de Temer havia criticado, também em sua conta do Twitter, a multiplicação de informações falsas na internet, citando o conceito de "pós-verdade" numa reportagem recente da revista The Economist

"A raiva, a indignação, a insatisfação social, a distância q separa política e sociedade - formam o pano de fundo da pós-verdade. A pós-verdade é tb alimentada pela própria industria da informação. Cada meio à procura do escândalo, do espetáculo, do fait divers... O fato é que a na Sociedade do Espetáculo, as versões ocupam o espaço da verdade. Fontes inconfiáveis e receptores desconfiados. O fato é que se multiplicam informações desencontradas, versões, contra-versões nesse ciclo de pós verdade, conforme matéria The Economist", analisou o consultor do Planalto, antes de cair, ele mesmo, nas armadilhas da pós-verdade.

Na entrevista concedida à rádio gaúcha, na última quinta-feira (13), a ex-presidente Dilma deu a seguinte declaração:

“Eu acredito que tem um quadro de golpe continuado. Este quadro tem como objetivo principal impedir que na eleição de 2018, o Lula participe da eleição como candidato. Acho que há um objetivo claro de condená-lo na segunda instância para inviabilizá-lo como candidato. Se ele vai ou não ser atingido é uma questão que a gente não tem como chegar a uma conclusão objetiva hoje. Se prenderem, eu acho que criam uma situação muito difícil para o País. Acho que a prisão do Lula será vista como um ‘corolário do golpe’ que resultou no meu impeachment”.