The Economist: Eleição presidencial brasileira - Um país despedaçado

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Nesta terça-feira (28), o jornal inglês The Economist publicou um artigo comentando as eleições no Brasil. O texto começa falando que, após uma disputa acirrada e marcada por reviravoltas, Dilma foi reeleita  para um segundo mandato de quatro anos com 51,6% dos votos válidos. O jornal informa aos leitores que Aécio Neves contabilizou 48,4% e que esta é a quarta reeleição consecutiva do PT, embora tenha sido com a margem de mais fino da história eleitoral nacional. 

O artigo segue falando que a vitória de Dilma era inevitável e que apenas três presidentes latino-americanos perderam a reeleição nas últimas três décadas. O jornal ressalta que o governo Dilma apontou para a baixa do desemprego, o aumento dos salários e a queda da  desigualdade social. Contudo, continua a publicação, existem pontos fracos e Aécio coloca-se como oposição em uma “luta valente”. 

Para os ingleses, Dilma vai liderar um país fragmentado, uma vez que as regiões brasileiras se mostraram divididas no resultado das eleições. O texto diz ainda que o discurso de Dilma é arrogante quando fala de "unidade", "consenso" e "diálogo". Sobre a rivalidade entre o PT e o PSDB, o The Economist fala apenas que “as cicatrizes são profundas” e que, enquanto Lula compara o PSDB com os nazistas, os tucanos atacam o PT com denúncias.     

O jornal fala ainda que, diante da derrota, o PSDB está determinado a pressionar por uma investigação do Congresso sobre o escândalo Petrobras. Assim, ainda segundo o texto, Dilma teria que tirar do papel a reforma política para tornar o país mais governável. O jornal ressalta ainda que a partir de janeiro o Congresso vai sediar 28 partidos e não terá o apoio de 22. A publicação segue sua crítica dizendo que o governo de Dilma é o mais fraco desde a redemocratização, mas que sua promessa de realizar um referendo sobre a reforma política merece crédito. 

Os ingleses acreditam também que Dilma deveria assumir as propostas econômicas de Aécio Neves para tirar o país do baixo crescimento e da alta inflação. Ainda para o The Economist, o governo brasileiro precisa interferir menos nos negócios e rever questões envolvendo o Banco Central e as reformas tributárias.

Contudo, o texto mostra pessimismo ao dizer que Dilma não tem mostrado sinais de reconhecer os problemas estruturais do Brasil ou de mudanças. O artigo finaliza dizendo que, sem uma reforma estrutural de pleno direito, o Brasil continuará à deriva, colocando empregos, renda, bem como programas sociais do PT em risco.