Greve da cultura: servidores são ameaçados com corte de ponto

Servidores participarão de ato unificado nesta quinta, às 10h, na Candelária

Por Gisele Motta *

O Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal no Estado do Rio de Janeiro (Sintrasef) realizou uma assembleia nesta quarta-feira (11) e decidiu manter a paralisação dos serviços. Os grevistas acusam o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)  de coação, fazendo ameaças de corte de ponto. Os servidores mostraram um e-mail recebido onde é informado que as faltas serão contadas como “injustificadas”. Eles questionam a legalidade da decisão, que afronta a lei de greve, e o fato das instituições estarem cientes da greve e de processo judicial tramitando sobre sua abusividade. O Sintrasef, seguindo medida que já havia sido recebida pela Confederação Brasileira dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) e pelo Sindicato de Brasília da categoria, recebeu hoje informe de que o Superior Tribunal de Justiça(STJ) determinou encerramento da greve.

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Sobre a decisão do STJ, o diretor do Sintrasef disse que os servidores se indignaram com a decisão e com a falta de negociação por parte do Ministério do Planejamento, que faz a mediação com os servidores federais. “Houve uma revolta generalizada e o que acabou acontecendo foi o inverso do que o governo queria: o fortalecimento da greve. Tivemos reuniões, mas quando você vai numa reunião que o lado de lá fala que não pode fazer nada, é coerção, não é negociação. Eles não apresentaram nenhuma proposta concreta.Eles não querem colocar nada no papel”.

Segundo Izabel Costa, do Comando de Greve, uma nova reunião havia sido marcada para ontem (10) mas os servidores não foram recebidos. Ela ainda critica a posição do é secretário de Relações de Trabalho no Serviço Público do Ministério do Planejamento desde 2012, Sérgio Mendonça. “A gente não recebeu nenhuma resposta por parte do governo. O Sergio Mendonça nos recebeu de forma debochada, dizendo que o governo não se incomoda com o que museu fechado não tem nenhuma importância na Copa. Isso só caracteriza o foco do governo no turista. Eles precisam abrir museu porque o turista quer ver. Mas a gente não faz política educativa e cultural para turista, fazemos para o cidadão e a nossa verba para isso é irrisória. Uma pesquisa do IBGE mostra que 90% da população que nunca teve acesso a museu na vida. É isso que precisamos mudar”. 

Questionado sobre a reunião, o Ministério do Planejamento disse que não havia encontro marcado. Eles ainda afirmaram que, por conta de acordo coletivo que dura até 2015, não haverá nenhuma negociação que gere impacto financeiro. O que podem ser feitos é estudo e planejamentos. Eles ainda afirmaram que o Ministério está aberto às solicitações de reuniões.