Ministros do STF evitam comentar acusação de Dirceu

Por Gustavo Gantois

Brasília - Os ministros Cármen Lúcia e Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), se recusaram a comentar a acusação feita pelo ex-ministro José Dirceu de que o ministro Luiz Fux teria prometido absolvê-lo no julgamento do mensalão. Dirceu, que foi condenado a 10 anos e 10 meses de prisão, fez a revelação em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.

O próprio Fux limitou-se a comentar: "Ministro do Supremo não polemiza com réu".

“Eu ainda não li os jornais hoje”, respondeu Cármen Lúcia ao ser questionada sobre a declaração após reunião no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta quarta-feira. Toffoli emendou a mesma resposta e disse que, como ministro do STF, não iria comentar o episódio.

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Na entrevista, Dirceu afirmou que foi “assediado moralmente” por mais de seis meses para receber o então candidato a ministro do Supremo Luiz Fux (ele seria indicado a ocupar uma cadeira no STF pela presidente Dilma Rousseff em fevereiro de 2011). No encontro, do qual Dirceu diz que não era a favor, Fux teria falado, “de livre e espontânea vontade”, que o absolveria no processo do mensalão.

Em dezembro do ano passado, Fux admitiu à Folha que encontrara Dirceu quando estava em campanha para o STF, mas negou ter prometido sua absolvição. Ele disse que leu o processo depois e que ficou "estarrecido". José Dirceu disse que a afirmação de Fux de que não sabia na época de sua condição de réu no mensalão é "tragicômico" e "soa ridículo, no mínimo". 

No encontro, Dirceu disse ao agora ministro do STF que não o absolvesse, mas sim analisasse o caso, uma vez que não haveria provas contra ele. O petista declarou ainda que é evidente que o julgamento do mensalão foi “político”, “deliberadamente marcado com as eleições (municipais de 2012)” e que é inocente. A defesa de Dirceu deve apresentar recurso contra a sua condenação assim que for publicado o acórdão do julgamento, o que deve ocorrer ainda esta semana.