Unasul quer fomentar comércio regional para se proteger da crise

Por

O Conselho Sul-Americano de Economia e Finanças da Unasul aprovou nesta sexta-feira, em Buenos Aires, fomentar o comércio dentro da região como forma de proteção frente à crise internacional, anunciou o ministro argentino da Economia, Amado Boudou.

A proposta das autoridades econômicas da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) está incluída em um documento que será levado em consideração pelos presidentes na cúpula de Caracas em 3 de dezembro, afirmou o ministro argentino.

"Entramos em consenso sobre uma proposta de fomentar o comércio regional para amortecer o impacto da crise nas economias desenvolvidas", afirmou Boudou em coletiva de imprensa no encerramento dos debates com ministros, vice-ministros e presidentes de bancos centrais, dos quais esteve ausente o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Em um aristocrático hotel do bairro de Retiro, os altos funcionários das áreas econômicas assinaram uma declaração final na qual afirmam que "em um contexto de forte crise econômica e financeira internacional, a região apresenta o potencial para continuar com políticas de crescimento e inclusão social, com criação de postos de trabalho".

"Decidimos levar aos chefes de Estado e de governo propostas com o objetivo de fomentar o comércio regional", segundo o documento concluído após um dia de negociações.

Boudou, principal porta-voz do encontro, disse que "ao se reduzir a velocidade do crescimento das economias desenvolvidas com planos de ajuste que reduzem a renda dos setores populares e portanto o consumo, e criam desemprego, a região sul-americana pode se converter na locomotiva do crescimento".

O comércio regional alcança atualmente os 120 bilhões de dólares.

Os principais destinos das exportações são Ásia e Europa, que estão em desaceleração econômica.

As sessões são realizadas com representantes do bloco formado por Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela.

No entanto, a maioria dos países enviou a Buenos Aires vice-ministros de Economia ou Fazenda, com a ausência de ministros e alguns presidentes de bancos centrais, entre eles o brasileiro.

Uma fonte da delegação brasileira informou à imprensa que o ministro Mantega não pôde comparecer "por razões de agenda" e que o governo argentino estava ciente.

As reservas monetárias dos países da Unasul somam cerca de 600 bilhões de dólares e um dos objetivos do grupo é fortalecer o Fundo Latino-Americano de Reservas (Flar).

Quanto ao projeto de constituição do Banco do Sul, Boudou afirmou que "há avanços para sua entrada em vigor", quando apenas falta a aprovação legislativa do Uruguai.

Boudou falou em coletiva de imprensa acompanhado do ministro das Finanças do Paraguai, Dionisio Borda, cujo país passou à presidência do Conselho e será organizador da próxima cúpula de ministros em junho ou julho de 2012.

A secretária-geral da Unasul, a colombiana María Emma Mejía, revelou que foi considerado colocar em andamento um plano regional de infraestrutura, que será considerado em uma cúpula de altos funcionários da área em Brasília, em 30 de novembro, para ser levado também aos presidentes em Caracas.

Mejía disse que o programa de desenvolvimento regional de infraestrutura tem um custo estimado de 16 bilhões de dólares.