Após suposta propina, Jaqueline Roriz diz ter consciência limpa

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Flagrada em um vídeo recebendo suposta propina de Durval Barbosa, delator do esquema do mensalão do DEM no Distrito Federal, a deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF) disse nesta quarta-feira ter a "consciência limpa". Ela, que esteve reunida com integrantes do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, não deu explicações sobre a origem do dinheiro recebido por Barbosa e tampouco respondeu se daria satisfações aos eleitores que deram a ela mais de 100 mil votos na última eleição.

"Não vou renunciar. Tenho sim consciência limpa. O próximo passo é esperar os trâmites do Conselho de Ética. Eu me guardo o direito de neste momento me calar. Hoje estamos aqui e não foi no sentido procrastinar a entrega do relatório. Foi simplesmente porque eu retornei somente hoje. Eu estava em um tratamento, ainda estou. Culminou também com o problema do meu pai o ex-governador Joaquim Roriz, que estava internado em São Paulo. Enfim, vou aguardar que a justiça e os nossos advogados, que cumpriram todos os prazos regimentais dessa casa, agora sigam com o procedimento", disse a parlamentar, que confirmou que, depois de licenças médicas, retornará ao trabalho.

O advogado da deputada Jaqueline Roriz, José Eduardo Alckmin, voltou a afirmar que a defesa da parlamentar terá por base a tese de que o Conselho de Ética não tem poderes para analisar e julgar supostos delitos cometidos antes do mandato.

No auge dos processos de quebra de decoro resultados do esquema do mensalão do governo Luiz Inácio Lula da Silva, o colegiado passou a partir de 2007 a levar em conta apenas atos cometidos pelos deputados após a posse para a abertura de processos por falta de decoro. O vídeo envolvendo a deputada Jaqueline Roriz é datado de 2006, e seu atual mandato como deputada federal foi iniciado apenas este ano. A defesa conta com a tese de preservação do princípio da anterioridade para tentar livrá-la de um eventual processo de cassação.

"Insistimos na tese de que não cabe ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara apurar fatos que não foram praticados por quem é deputado federal. Essa é a tese da defesa, de que esse fato não se apura por aqui. Deve ser apurado no Supremo Tribunal Federal com a colaboração do Ministério Público", disse.

Alckmin ainda rebateu a acusação de que a deputada teria usado verba da Câmara para pagar R$ 1.120,74 pelo condomínio de uma sala comercial de seu marido, Manoel Neto. "Demonstrou-se o regular cadastramento do escritório parlamentar e que tudo seguiu os trâmites normais da Casa e que não houve pagamento de aluguel. O que houve foi pagamento de despesa, entre elas o condomínio", declarou.