Anac concede bolsas de estudo para estimular formação de pilotos
Agência Brasil
BRASÍLIA - Diante da ameaça de que a aviação civil brasileira venha a enfrentar a falta de pilotos nos próximos anos, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) decidiu estimular a formação de profissionais e concedeu 135 bolsas de estudo para pilotos privados e comerciais.
No último dia 15, a agência encerrou as inscrições para o Programa de Formação de Pilotos para a Aviação Civil, distribuindo as últimas 23 das 135 bolsas oferecidas: 71 se destinaram à formação de pilotos privados que serão habilitados para pilotar monomotores, e 64 para cursos de aviação comercial
- Bancamos 75% das horas de vôo necessárias para a conclusão dos cursos obrigatórios para que os interessados possam ingressar no mercado de trabalho. A atividade é cara, envolve um investimento alto, e essa é uma maneira de facilitarmos para os que têm menor poder aquisitivo e que, talvez, não tivessem como pagar o curso - afirma o gerente da Regional Sul da Anac, Roberto de Carvalho Netto.
Apenas aeroclubes do Rio Grande do Sul foram inscritos no programa nessa primeira experiência de financiamento. Segundo Netto, porém, a Anac já estuda estender a iniciativa para outras localidades, com possibilidade de criar um pólo na Região Sudeste e ampliar o número de bolsas de estudo, mantidas com recursos da própria agência.
No curso custeado pela Anac para pilotos comerciais, o valor da bolsa é de cerca de R$ 24 mil, enquanto no curso para piloto privado esse valor varia entre R$ 5 mil e R$ 7 mil. A única contrapartida é que os pilotos precisam comprovar já ter realizado, no mínimo, 25% das horas-aula necessárias para a licença.
O diretor do Sindicato Nacional dos Aeronautas, comandante Paulo Ricardo Krepsky, elogiou a iniciativa. - A formação profissional tem que ser incentivada. Trabalhadores que precisam de uma atenção diferenciada, como são os pilotos, cuja carreira tem um acesso muito difícil. É preciso treinar em aviões e isso é muito caro. Dificilmente as pessoas dispõem de dinheiro para isso - afirmou.
Krepsky, no entanto, considera que as empresas também deveriam investir no processo de formação dos profissionais do setor.
- Antigamente, as empresas formavam seus pilotos, que eram admitidos e começavam do zero. Veio uma segunda fase em que o piloto já chegava à companhia com uma instrução inicial e a empresa complementava sua formação para que ele pudesse pilotar aviões de grande porte - explicou o comandante.
Segundo ele, ao deixar de preparar seus pilotos, contratando apenas aqueles que já têm grande experiência, as empresas criaram um gargalo. - Não adianta somente formar o piloto, é preciso que ele tenha como ganhar experiência. Após formado, ele precisa de anos para ser um comandante. Dentro de uma empresa comercial é difícil encontrar um comandante com menos de cinco anos de experiência. Agora essa é uma discussão do Estado com os empresários. A necessidade do mercado é que vai ditar quem vai suprir essa necessidade. Acho que os dois deviam cooperar. O governo oferecendo bolsas, cursos em faculdades públicas, e a empresa arcando com alguns custos - concluiu.
