Integrantes da Mesa do Senado não assumem decisão por trem da alegria

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Agência Brasil

BRASÍLIA - A declaração do presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-DF), de que foi contrário à autorização para que senadores contratem mais um assessor, com salário de R$ 9.979,24, provocou declarações desencontradas de líderes e membros da Mesa Diretora. A medida, além de abrir a possibilidade de 81 novas contratações, sem concurso público, é extensiva aos gabinetes das lideranças dos partidos representados no Senado.

O quarto-secretário Magno Malta (PR-ES) insinuou que o presidente do Senado mentiu ao dizer que foi voto vencido. Irritado com a abordagem dos repórteres, Malta disse que não houve votação da Mesa Diretora.

- Não é verdade que a decisão foi tomada pela Mesa Diretora. Alguém está mentindo, não teve votação - afirmou.

O terceiro-secretário César Borges (PR-BA) também tentou debitar o ônus da decisão ao senador Garibaldi Alves Filho. Apressado, o parlamentar falou rapidamente com os jornalistas, andando pelos corredores da Casa.

- Não houve votação da Mesa. Eu não conheço o projeto, vocês precisam saber qual é o projeto. Vocês estão sabendo do que estão falando? - questionou o senador.

Diante da insistência dos jornalistas, César Borges disse que foi informado na reunião da Mesa "de que havia uma solicitação de todas as lideranças da Casa pedindo a criação de mais um cargo".

- A Mesa, então, aquiesceu ao pedido das lideranças - afirmou.

O segundo vice-presidente do Senado, Álvaro Dias (PSDB-PR), revelou que na reunião de ontem o primeiro-secretário Efraim Moraes (DEM-PB) teria colocado o assunto em pauta sob o argumento de que se tratava de um pedido das lideranças partidárias.

Álvaro Dias admitiu que nem todos os gabinetes necessitam de mais um assessor técnico em seus quadros. - Se um senador é mais atuante acho que é necessário mais um assessor, como também nos gabinetes das lideranças. Mas não são todos que precisam - disse.

Procurado, o presidente do Senado afirmou que todos os seis membros da Mesa foram consultados e apoiaram a decisão de se criar mais um cargo. O senador reafirmou que foi uma decisão exclusiva da Mesa Diretora e não dos líderes dos partidos, e que colocou aos colegas a inconveniência em se aprovar a proposta.

As novas contratações vão representar um gasto adicional, por mês, nas contas do Senado, de R$ 900 mil. Por ano, essa despesa será de R$ 11,7 milhões.