Legista vê dificuldade para elucidar morte de Jango

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Portal Terra

BRASÍLIA - O médico-legista Manoel Constant Neto afirmou que é muito difícil prever com precisão se realmente o ex-presidente da República João Goulart, o Jango, foi envenenado. Ele afirmou que a avaliação dependerá das condições do cadáver após 32 anos da morte e do local onde o ex-presidente está enterrado.

- O resultado de uma perícia depende de múltiplos fatores como, por exemplo, o tempo e o local da sepultura. Já a detecção de substâncias químicas também dependerá do estado de decomposição do corpo. E este estado só será conhecido através de uma exumação - afirmou.

Neto fez as declarações durante reunião da subcomissão criada na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul para investigar as circunstâncias da morte de João Goulart, coordenada pelo deputado Adroaldo Loureiro (PDT). Devido às pressões dos governos militares do Brasil e da Argentina, onde Jango morreu, o corpo não passou por autópsia.

Para desvendar o caso, o legista destacou que, além da autópsia e de uma profunda investigação do cenário da morte, é necessário contar com uma equipe especializada, para garantir que substâncias químicas que provocam morte instantânea não sejam perdidas durante a perícia.

Na sua opinião, "a exumação, o correto acondicionamento e preservação do material, bem como o transporte adequado até o local onde seria realizada a perícia são fatores importantes e que contribuem para evitar perdas de evidências".

A Justiça brasileira investiga as circunstâncias da morte de Jango. A família do ex-presidente afirma que há evidências de que ele teria sido envenenado. João Vicente Goulart, filho de Jango, diz ter obtido a informação sobre o envenenamento junto a um ex-agente do serviço de inteligência do governo uruguaio, Mario Barreiro.

O processo original sobre o caso, que tramita no Superior Tribunal de Justiça, trata a causa da morte como natural, por ataque cardíaco.