Vítima rasteja dois dias após sobreviver a tiros
Portal Terra
BELO HORIZONTE - A sobrevivência de uma mulher que sofreu uma tentativa de assassinato surpreendeu a própria polícia e fez lembrar enredo de filme. Após ser dominada em casa, levar três tiros, ser ensacada e jogada num rio, a vítima conseguiu sair da água e rastejar por dois dias, até ser encontrada por um pescador. O crime ocorreu em Mateus Leme, na região Metropolitana de Belo Horizonte.
Dois dos suspeitos, Sebastião de Jesus da Silva, 52 anos, o Tião do Vale Verde, e o sobrinho dele, Jaime de Jesus da Silva, 24 anos, foram presos e confessaram a tentativa de homicídio.
Segundo a polícia, na noite do último domingo, a mulher foi retirada à força de sua casa e levada de táxi até um matagal nas proximidades de Juatuba. No local, Jaime atirou na vítima e a enrolou num saco plástico. Mais tarde, decidiram voltar ao local do crime, pegaram a mulher e a jogaram de uma ponte no rio Paraopeba, que está cheio devido à chuva que caiu na região nos últimos dias.
A polícia investiga também a participação de um taxista contratado pelos acusados para levar a mulher até um matagal. Ele nega envolvimento e diz que tem medo de ser morto. Segundo o taxista, domingo à noite, os dois homens, acompanhados de uma mulher, pediram uma corrida até uma casa no bairro Reta Grande, em Mateus Leme. Ele disse que os três saíram e voltaram trazendo outra mulher, que seria a vítima.
O grupo seguiu para um bairro nos arredores de Juatuba. Jaime desceu com a mulher, afastou-se do carro e, depois de dar três tiros nela, voltou para o táxi. Todos voltaram para Mateus Leme. O taxista, algum tempo depois, recebeu um novo chamado do grupo para voltar ao local. - Como achei estranho tudo o que aconteceu, tentei desistir da corrida, mas meu patrão me disse para atendê-los - disse o motorista.
Chegando ao matagal, segundo o taxista, Jaime e Sebastião saíram e voltaram com a mulher envolta em um saco plástico. Eles tentaram colocá-lo dentro do porta-malas do veículo, mas logo desistiram, pois era pequeno. Como estavam próximos à ponte do rio Paraopeba, na BR-262, jogaram o saco com a mulher no leito do rio. Depois, entraram no táxi e voltaram para Mateus Leme.
No entanto, para surpresa até dos marginais, dois dias depois ela reapareceu. A mulher conseguiu se soltar do plástico, sair do rio e ficou dois dias se arrastando pelo matagal até ser encontrada, terça-feira, por um pescador. Ele chamou a polícia e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que levou a vítima a um hospital. O nome da instituição é mantido em sigilo. Segundo os médicos, ela poderá ficar paraplégica porque uma das balas ficou alojada na coluna.
O caso é investigado pela polícia de Juatuba, também na região metropolitana e, de acordo com o delegado Jorge Antônio Pereira de Mello, a tentativa de homicídio foi praticada por causa de uma dívida de drogas. Ainda segundo a polícia, a vítima traficava drogas e devia R$ 50 referentes a uma pequena porção de maconha e dez pedras de crack compradas de Sebastião. O homem, então, resolveu matar a mulher e contratou o sobrinho, Jaime, para ajudá-lo.
Os suspeitos inicialmente negaram o crime, dizendo que apenas haviam buscado a mulher para um passeio e depois souberam o que havia ocorrido com ela. Mas o delegado Jorge Antônio já sabia do envolvimento deles no crime. Eles foram enquadrados em tentativa de homicídio e formação de quadrilha, cuja pena varia entre 12 a 30 anos de prisão. O delegado Jorge Antônio disse que Laurita foi vítima de uma armação que vem sendo protagonizada por traficantes de Betim. - A intenção deles é matar os traficantes anteriores, como a vítima, e comandar o movimento de drogas em Juatuba e Mateus Leme - afirmou.
