Milícia 'Guardiões do Crivella' sofre debandada após reportagem

Por INFORME JB

Crivella foi chamado de bandido por Eduardo Paes nas redes sociais

Milicianos pagos pela Prefeitura do Rio de Janeiro deixam grupos onde organizavam "plantões" em hospitais de toda a cidade para evitar reportagens com críticas ao atendimento.

O jornal RJ2, da TV Globo, divulgou nessa segunda-feira (31) uma investigação sobre um esquema envolvendo "funcionários públicos" para impedir denúncias na área da Saúde. Uma verdadeira operação de milícias.

O grupo, organizado no WhatsApp, reúne "servidores" com holerites da Prefeitura do Rio alocados em diversas unidades de saúde do município, com escalas diárias, atrapalhando e intimidando cidadãos, cerceando jornalistas, para que não critiquem o atendimento nos hospitais.

"O prefeito, ele acompanha no grupo os relatórios e tem vezes que ele escreve lá: 'Parabéns! Isso aí!'", contou ao programa um dos participantes dos grupos, nos quais o número do prefeito Crivella faz parte.

O grupo se organiza de forma que cada unidade de saúde conte com duplas atentas a entrevistas de repórteres, iniciando agressões verbais para interromper matérias televisivas, assim como constranger os entrevistados e gritar "Globo lixo", "Bolsonaro", "Bolsomito". Querem com isso inviabilizar a veiculação das matérias, mas não contavam que o RJTV fizesse deles as personagens principais de um novo enredo.

Porém, a turma, que leva o nome de "Guardiões do Crivella", administrando as ações dos "funcionários públicos", passa por uma grande perda de seus membros após a divulgação da reportagem do RJ2.

O grupo é chefiado pelo pastor da Igreja Universal Marcos Paulo de Oliveira Luciano, conhecido como ML, e conta com diversas fotos do prefeito da cidade. O dito pastor-funcionário público ocupa a função de assessor especial do gabinete de Crivella, e ganha mais de R$ 10 mil reais por mês de salário, fora as regalias.

Uma fonte citada pelo RJTV afirma: "Nós já temos essa missão há mais de oito meses. Antes, já estava funcionando, mas quando entrou a Covid-19, em março, ficamos todos os dias" [nas portas dos hospitais]. "Existe plantão nas unidades para poder cercear a imprensa."

Em resposta à divulgação da reportagem, a Prefeitura do Rio de Janeiro não negou a existência da milícia paga com dinheiro público, mas afirmou que "reforçou o atendimento em unidades de saúde municipais no sentido de melhor informar a população e evitar riscos à saúde pública" [...] Uma informação falsa pode levar pessoas necessitadas a não buscarem o tratamento onde ele é oferecido, causando riscos à saúde".

Nas redes sociais, o ex-prefeito Eduardo Paes, maior opositor político de Marcello Crivella, chamou o bispo-prefeito de "bandido". (Com informações da agência Sputnik Brasil)

O assunto ganhou o topo dos mais comentados da internet.