Alcolumbre vira réu na 4ª Vara Federal

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Por Gilberto Menezes Côrtes

Senador Davi Alcolumbre foi quem negociou o 'apoio' do União Brasil ao governo com o presidente Lula

O ex-presidente do Senado, David Samuel Alcolumbre Tobelem (União Brasil-AP), virou réu na 4ª Vara Federal de Porto Alegre, em ação movida pelo advogado Rafael Severino Gama, sob a acusação de contratação de seis funcionárias fantasmas em seu gabinete, visando à prática de “rachadinha” (a devolução de parte do dinheiro para o próprio gabinete do senador). Todas foram exoneradas do gabinete antes de Alcolumbre ser substituído por Rodrigo Pacheco na presidência do Senado.

Conforme a denúncia acolhida pelo Juiz Luiz Clovis Nunes Braga, indicado por sorteio, o senador, que agora vira réu, acusado pela Lei 14.289, contratou entre 2019 e 2021, quando presidiu o Senado Federal, seis funcionárias (todas solteiras e desempregadas que residiam nos arredores de Brasília e em cidades vizinhas de Goiás), por salários que variavam de R$ 4 mil a R$ 14 mil. As denúncias são de que o senador desviou um total de R$ 2 milhões.

Complicações no Amapá

Alcolumbre, que já enfrentava grandes dificuldades para superar a disputa com a primeira dama de Macapá Rayssa Furlan (MDB), esposa do prefeito Antônio Furlan, vai ter a vida mais complicada ainda. A adversária já usava as denúncias em seu horário eleitoral e em cartazes por todo o Amapá para desgastar o senador.
Agora que ele virou réu...

A gênese de 'rachadinha'

Como a prática da “rachadinha” implica nomeações sem exigência de prestação de serviços diários, as funcionárias Erica Almeida Castro, moradora de Guará (DF) e Marina Ramos Brito dos Santos, Larissa Alves Ferreira Braga, Jessica Priscilla de Vasconcelos Pires, Lilian Alves Pereira Braga e Adriana Souza de Almeida, todas residentes na cidade goiana de Luziânia, próxima a Brasília, foram contratadas em cargo de comissão para assessorá-lo no gabinete de senador em Brasília, sem necessidade de bater ponto diário. Mas no fim do mês tinham grandes descontos nos vencimentos.

A prática é muito antiga na política, sustenta a “indústria” dos cabos eleitorais e engorda o patrimônio dos políticos. Nem sempre os processos e denúncias chegam a bom termo, com condenação dos réus, como ocorreu no caso das “rachadinhas” do hoje senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), quando era deputado estadual na ALERJ.