Bradesco não aceita 'prova de vida' de inativos e pensionistas do Governo do Rio

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Por marcio.gomes@jb.com.br

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Não há excrescência maior que a chamada 'prova de vida', impingida pelo governo federal (INSS) e administrações estaduais a velhos e velhas que recebem parcas pensões e aposentadorias nos maiores e mais ricos bancos brasileiros.

Anualmente, a turma que anda "na tábua da beirada", como se diz, é obrigada a sair de casa em direção às agências bancárias para provar que está vida e com isso poder continuar a receber seus caraminguás poupados uma vida inteira com descontos previdenciários. Os bancos, que ganham bilhões anualmente e tarifam até a alma dos clientes, não têm recursos para empreender uma força-tarefa que dispense a saída de casa desses enjeitados pela sociedade. E os políticos, como se vê, estão preocpados com as rachadinhas dos orçamentos secretos...

Agora, durante a pandemia, o caso é mais grave. Tendo sido dispensada durante alguns meses, a 'prova de vida' foi readmitida no início deste ano e tem de ser feita obrigatoriamente. Filas de velhos nas portas das agências. Máscaras baratas a cobrir a face, sem a correta proteção dos perdigotos perdidos.

No Piauí, outro dia, um velho em uma maca foi parar na porta do Banco do Brasil para dizer ao gerente que ainda respira e precisa continuar a receber seu dinheiro e comprar os remédios, que são muitos.

Como é que um empertigado Pacheco, presidente do Senado, ou um sempre bem toucado à graúna Luiz Fux não se comovem com uma foto como esta abaixo?

 

 

E caso grave, recente, é o do Bradesco, que se recusa a obedecer uma ordem do RioPrevidência (RJ). Entre os velhos que precisam porovar que estão vivos, há aqueles nonagenários que não andam e estão sobre camas, em suas casas. O RioPrevidência mandou o Bradesco aceitar a prova de vida, nestes casos, feitas por parentes dos doentes, que não precisam nem levar procurações avalizadas por cartórios (que custam R$ 500,00, no mínimo, outro escândalo no país das rachadinhas): basta levar - entre vários documentos - um laudo médico assinado e carimbado, atestando que o velho está vivo e não pode andar (nem para ir ao cartório fazer a tal procuração). A autorização foi publicada no Diário Oficial do Rio de Janeiro, em 3/12/2021, parte 1, páginas 5 e 6 (Portaria 432, RioPrev, de 30/11/21).

O Bradesco, que manda mais no Brasil que o "posto Ipiranga" Paulo Guedes, diz que não faz, e ponto. Pelo menos foi o que disse a gélida gerente Marcele Marins, nessa sexta (21), ao filho de um velho que vive de fralda sobre uma cama - afastado do convívio social por causa da pandemia. O prazo termina dia 25/1 e o idoso ficará sem pagamento.

E o que faz o cantor Claudio Castro, além de aglomerar em shows evangélicos?

O que faz o presidente rachador?