Em interrogatório, Lula diz que sua prisão é um "prêmio" para a Lava Jato

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Ex-presidente Lula

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prestou depoimento na tarde desta quarta-feira (14), na sede da Justiça Federal, em Curitiba. O interrogatório ocorreu no âmbito da Operação Lava Jato que investiga as reformas no sítio de Atibaia. As oitivas foram comandadas pela juíza substituta Gabriela Hardt. Lula começou a depor por volta das 15h e só terminou às 17h50. O ex-presidente deixou o local quase 10 minutos após o fim da audiência e foi levado de volta para a Superintendência da Polícia Federal (PF), onde está preso desde abril.

Lula ficou frente a frente pela primeira vez com a substituta do juiz Sérgio Moro, que tirou férias e anunciou sua demissão para assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública no governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). Ele disse não acreditar que Dona Marisa Letícia, que morreu em 2017, tenha pedido reformas no sítio de Atibaia, conforme afirmaram delatores da Odebrecht. Negou também ser o dono da propriedade, chamada por ele de "chácara".

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Era 13h30 quando o petista deixou a sede da Polícia Federal em Curitiba, onde está preso e condenado desde o dia 7 de abril. Em uma viatura da PF com vidros pretos e sob forte escolta, foi levado à Justiça Federal. O depoimento começou logo após as 15 horas - o primeiro ouvido foi o pecuarista e amigo José Carlos Bumlai.

No depoimento, Lula diz que pensou em comprar o sítio, mas o dono não quis vender o local. O ex-presidente afirmou ainda que sua prisão seria um "prêmio" da Operação Lava Jato.

No início da audiência, a juíza Gabriela Hardt advertiu duramente o ex-presidente Lula. Interrompida por Lula, a magistrada não hesitou. "Sr ex-presidente. Esse é um interrogatório que se o senhor começar nesse tom comigo a gente vai ter problema. Então, vamos começar de novo."

Neste processo, a força-tarefa do Ministério Público Federal acusa Lula de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por supostamente ter sido contemplado pelas empreiteiras OAS e Odebrecht e também pelo amigo pecuarista José Carlos Bumlai com um valor total de R$ 1,02 milhão para obras de reforma e melhorias do sítio Santa Bárbara, no município de Atibaia, interior de São Paulo. Lula nega ser o dono do imóvel.

Preso desde 7 de abril, o ex-presidente pela primeira vez deixou a sala especial que ocupa na sede da Polícia Federal para se deslocar, sob forte escolta, até o gabinete de Gabriela Hardt, na Justiça Federal.

Assista na íntegra o depoimento do ex-presidente Lula: