Morre Cartola, o Poeta do Amor

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A os 72 anos, morreu Cartola, um dos mais importantes compositores da Música Popular Brasileira, definido pelo poeta Carlos Drummond de Andrade como o homem que “se apaixonou pelo samba e fez do samba o mensageiro de sua alma delicada”.

O romântico boêmio lutou contra um câncer durante dois anos, tendo como fiel companheira a esposa Dona Zica, que permaneceu ao seu lado por todo o tempo.

“Semente de amor, sei que sou desde nascença”... Este verso – cantado por Cartola num de seus mais inspirados sambas – tem a força e o sentido de uma autodefinição: Cartola foi, a vida inteira, um romântico.

O poeta silenciou. Com ele, desapareceu não apenas o gran de compositor das escolas de samba mas, também, um dos mais ricos e fascinantes personagens da MPB. Antes de morrer, o compositor destacou três músicas que julgava mais importantes em sua obra: As rosas não falam , O mundo é um moinho e O inverno de meu tempo .

Cartola cresceu no Catete.

De família pobre, mudou-se para um barraco no morro da Mangueira. O cenário da Mangueira estava longe de ser a beleza de que o samba fala, mas, mesmo assim, despertou no menino um inexplicável fascínio. Mais tarde, explicaria o “amor à primeira vista” pelo sentimento de liberdade que o morro lhe evocava. Ali, tudo o encantava.

Lá, fez amigos eternos e com eles fundou a escola de samba Estação Primeira de Mangueira. Entre os estúdios de rádio e o barracão da escola, Cartola compunha, cantava e tocava.

Suas canções tornavam-se célebres e inesquecíveis.