Arte de entrar e sair de cena
Ao final da guerra, o r esultado foi o que se sabe: o Brasil entr ou aos trambolhões na via democrática
DESDE 1930,mineir o s e paulistas, cada qual por um lado , andar am em dir eções opostas pelo menos em ma - téria de eleições. Desenten - der am-se r epublicanamen - te. Aca bou ali a política do café com leite, j unto com a República V elha. Dur ante os 15 anos seguin- tes, de completa a bstinência eleitor al, o go v erno pr o visório e o Estado No v o não podiam ouvir f alar de eleição pr esi- dencial sem tum ultuar as men- tes, pr orr o gar a data da suces- são pr esidencial e aumentar o pr az o de esper a. Mas em 1939 começou a Se- gunda Guerr a M undial, e o Br asil cedeu à contr adição de ter um r egime autoritário e ali- nhar -se com as nações demo- cráticas. F icamos do lado das democr acias, a contr agosto do go v erno , que insistia na alega- ção de que o br asileir o ainda não esta v a pr epar ado par a v o - tar . Ao final da guerr a, o r esul- tado f oi o que se sa be: o Br asil entr ou aos tr ambolhões na via democrática. E, par a r ecomeçar , passa - mos a oper ar , como se nada ti v e sse acontecido , tendo co - mo r eferência a data da elei - ção p r e sidencial, no fim do ano (ou do túnel, como par e - ceu à época).
tegoria dos nascidos f or a de Minas, como f oi o caso ilustr e de San T hiago Dantas, por si- nal o autor da definição , nos tr epidantes anos 50 e 60 do sé- culo passado . T ambém e xiste quem nasceu nas Ger ais mas não f az o gêner o mineir o . A candidata Dilma Rousseff não é consider ada mineir a autêntica, por f alta do essen - cial, por mais que dissim ule o potencial de ag r essi vidade de que é portador a. Com o fim do jejum e, não por acaso , mas consequência dir e- ta da Segunda Guerr a, os pr e- sidentes da República v olta- r am a ser eleitos. O r egime se aperfeiçoaria com o uso . Nem por isso , mineir os e paulistas jo gar am no mesmo clube po- lítico , mas se der am bem, obri- gado , enquanto houv e eleição . As condições não estim ula v am a nostalgia da política do café com leite n u m Br asil essencial- mente ag rícola. Candidato que f osse paulista ou mineir o não mais pega v a de m uda. A con v er sa passou a ser outr a. O café com leite ser vido por Mi- nas e São P aulo cedeu espaço à industrialização. T r anscorridos 80 anos da f a - lência do café com leite, São P aulo e Minas se associam, pe- la mão do acaso , em torno da candidatur a paulista, já no se- gundo turno da mesma eleição pr esidencial, r epleta de peri- gos a julgar pelo que se diz, de um lado e de outr o , n u m a b a - talha politicamente equi v o - cada, ao arr e pio das pesqui - sas que insistem em adiantar o r esultado como f ato consu - mado . Há um discr eto t oque de ir onia na disputa dos dois finalistas, um paulista e ou - tr a (vá lá) mineir a , que não f az o tipo tr adicional. Mas, assim como houv e, há e sempr e ha v erá mineir os da ca- O tipo que entr ou em cena, em Minas, e já agor a f or a de Minas, par a ficar por tempo in- determinado , é o senador Aé- cio Ne v es, ainda quente das ur- nas que le v ar am seu sucessor no P alácio da Liber dade, e que, além de mineir o legítimo , tipo e xportação feder al, con-
f orme se viu na irr etocáv el li- ção de política, quando c h a- mou às f alas o pr esidente Lula. Aécio Ne v es disse na hor a cer- ta que Lula “sai menor do que entr ou nesta campanha”, e de- plor ou que o pr esidente tenha tr ocado seu “papel institucio- nal pelo de ca bo eleitor al”. E ainda te v e a delicadeza de lembr ar que “a democr acia é m uito maior” do que o uso que v e m sendo feito de r ecur sos in- dignos dos br asileir os. A ir onia da história não está aí, mas na própria História do Br asil, que se aposentou de- pois que a República V elha se r etir ou em 1930, e tanto o café quanto o leite não f or am mais ser vidos juntos. Nos 15 anos de go v erno pr o visório e Estado No v o somados, mineir os e pau- listas in v estir am na industria- lização e no cr escimento da po- pulação . Em 1955, Minas ele- geria JK e São P aulo , como prê- mio de consolação , ficou com Jânio Quadr os em 1960. Daí por diante, o país corr eu atrás do pr ejuíz o , e o alcançou.
Há um discr eto toque de ir onia na disputa dos dois finalistas, um paulista e outra (vá lá) mineira, que não faz o tipo tradicional
