'Je vis de bec', como dizia Jô Soares

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Isso será um salto ou um (a)salto ao resultado?

Derrotado nas eleições para governador, "je vis de bec" chegou atrás de Denise Frossard. Na época, afirmava em várias reuniões familiares tudo o que realmente sabemos hoje que o candidato que foi vitorioso é. Ele já sabia, e aceitou trabalhar na Secretaria de Esporte, pois ele vivia de bico, já era o "je vis de bec" - bordão criado por Jô Soares para um personagem em seu antigo programa humorístico.

Lançado candidato, Alessandro Molon teve sua candidatura destruída pelos empreiteiros que hoje são o que são. O governador resolveu colocar para ser candidato a prefeito um que não fosse atrapalhar a vida dos empreiteiros. Muito pelo contrário, facilitar. Hoje, se vê na Lava Jato que o próprio governador está disposto a explodir seu nome com delações premiadas. 

Só que os procuradores do Ministério Público que fazem o inquérito na Lava Jato não precisam de mais nada para imputar ao ex-prefeito. Tudo o que o governador pode falar, eles já sabem. Só precisam materializar a prova.

Fez parte do grupo que (a)saltava para comemorar aquilo que seus leões de chácara já tinham se comprometido a fazer: corromper parte dos que iam decidir a favor do Rio na Olimpíada, como denunciou o Le Monde. Realmente, não há dúvida de que em francês não cabe outra expressão com essa vitória do que o "Je vis de bec".

Chegou a vez do sambista "je vis de bec".  Não gosta de disputar eleições que não sejam de cartas marcadas. Portelense, só na glória. Não veio arriscar no desfile em que a Portela tentava acabar com seus 47 anos de jejum de títulos individuais, ou com os 33 anos da última vitória com título dividido. O portelense não veio disputar. Veio receber os aplausos da escola campeã, que talvez tenha sido campeã porque aqueles que levavam o mau agouro esse tempo todo estavam longe, e não ofuscaram a sorte daquela escola. Hoje no desfile das campeãs, se espera que haja um início e fim sem acidentes. 

Não só isso faz o "je vis de bec". Como sabe também que o atual prefeito não vai ao desfile, pois deve sofrer com a massa de desempregados na cidade e se vê preocupado com prefeitura que corre risco de não pagar salários aos seus servidores a partir de outubro, esse "je vis de bec" imagina que vai também jogar os carnavalescos contra o prefeito. Com certeza, "je vis de bec" vai ganhar água em seu chope.

O que estará fazendo ele agora no Rio se, como disse a Lula, detesta pobre? Hoje, ele vive em Nova York, a cidade mais cara do mundo, e deve andar com um álcool esterilizante em seu bolso quando viaja ao Rio, para desinfetar as mãos após cumprimentar populares - como fazem os endinheirados ao se encontrarem com pobres.