O Brasil do arrastão e o Brasil do investment grade
O Jornal do Brasil reproduz em vídeo imagens assustadoras, tristes. Não vergonhosas, mas tristes porque mostram menores - sempre menores - que procuram suas sobrevidas no roubo. E em que tipo de roubo? Nas praias, nas ruas movimentadas. Jovens com desvios, certamente psicológicos, que têm a vontade de se mostrar corajosos, e preferem correr o risco de morte do que o risco da sorte. Sabem que não serão presos (o JB, ao fazer esta observação, não faz qualquer manifestação sobre maioridade penal).
A sorte a que o JB se refere é a sorte do abandono, de não poder estudar, de não vislumbrar qualquer tipo de atividade profissional. Esses jovens, ao promoverem essas ações nas praias, sabem que imediatamente são transformados em "celebridades" de TV, como se este noticiário servisse para educar. Serve sim para mostrar que a cada dia que passa a divisão de classes aumenta mais.
Nesses vídeos, o agravante não é a truculência das detenções nem as surras de jovens sarados. É o confronto do jovem menor, encarando a polícia e aquela multidão. Eles não mostram o medo que uma pessoa normal mostraria numa situação como esta.
Após as imagens amplamente divulgadas e o vasto noticiário, o que deve estar pensando a sociedade formadora de opinião, educada e instruída? Que é preciso aumentar a segurança pública? Que é preciso alterar a lei de maioridade penal? Será que não pensam que estes menores são filhos de uma maioria, e que se por uma infelicidade do país estes pais também se revoltarem não vão adiantar jovens sarados ou essas balas de morte isoladas, que matam um, 15, 19, 30, 50 menores, maiores, criminosos ou não.
Se isso eclodir, quem estará mais armado? Uma população enfurecida ou uma segurança na qual os próprios homens de frente, os soldados, os policiais, na sua grande parte pertencem ao mesmo grupo social dessa maioria enfurecida?
Enquanto tudo isso acontece, o que pensa o mercado financeiro? Só no investment grade?
