Contra a dengue: Melhor remédio são mais médicos

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O aumento de casos de dengue no Brasil em 2015 preocupa cada vez mais.Os números impressionam: só nos três primeiros meses do ano, o total de casos da doença chega a quase meio milhão no país. Já é 240% maior que o registrado no mesmo período do ano passado, segundo um levantamento feito pelo Ministério da Saúde (até o dia 28 de março).

Quatro estados estão enfrentando uma epidemia: São Paulo, Goiás, Acre e Mato Grosso do Sul. Índice epidêmico é quando há mais de 300 casos por 100 mil habitantes segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Cerca de uma em cada dez cidades brasileiras já registra esses índices epidêmicos (511 municípios do país).

Com 257.809 casos confirmados no primeiro trimestre, São Paulo concentra mais da metade dos casos do país. Porém, o Acre lidera na proporção, com 882,5 por 100 mil habitantes, seguido por Goiás (com 702,4), São Paulo (585,5) e Mato Grosso do Sul (304). 

Quando muitos brasileiros adoecem, é inevitável lembrar que são necessários mais profissionais para atendê-los. E não era o que acontecia anos atrás.

Por isso o Governo Federal lançou o Programa Mais Médicos, em julho de 2013, considerado uma referência internacional pela Organização Mundial de Medicina Familiar (Wonca, sigla em inglês). O objetivo é claro: diminuir a carência de médicos nos municípios do interior e nas periferias das grandes cidades do Brasil.

Segundo um estudo divulgado pelo IBGE, em novembro de 2013, com base em informações do Conselho Federal de Medicina, há uma concentração de profissionais nas grandes cidades. Nas capitais, são 4,2 médicos para cada mil habitantes. O Maranhão tem a menor relação médicos/habitantes do País: apenas 0,68 para cada mil habitantes.

O estudo diz ainda que a relação médicos/habitantes no país está aquém do recomendado pelo Ministério da Saúde. Em 2011, havia 1,95 médico para cada mil habitantes, quando o recomendado pelo ministério é de 2,5.

Essa carência se mostra mais grave em épocas de epidemia, como a que está ocorrendo. Fica a questão: como seria a situação se tivéssemos menos médicos neste momento?

O Mais Médicos enfrentou críticas, principalmente das elites das grandes capitais do sul e sudeste. Enquanto protestam contra o programa, por motivação política, ideológica ou puro ódio ao governo, o povo do interior e das periferias é o que mais sofre.

Vale lembrar que São Paulo tem 268 municípios em patamar de epidemia, o número mais alto entre os estados do país. Logo São Paulo, que se destaca pelas maiores manifestações contra o governo.