Editorial - crise no Jockey Club Brasileiro
Como os senhores podem ver, abaixo está uma lista de quase todos os ex-presidentes e ex-candidatos a presidente do Jockey Club Brasileiro. Claramente, eles se opõem à atual administração. O que mais impressiona é o advogado Luiz Alfredo Aranha D'Escragnolle Taunay, que é o "pai" da candidatura e da eleição do atual presidente, e hoje talvez um dos seus mais ferrenhos opositores.
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Prezados sócios(as) do Jockey Club Brasileiro
Os sócios relacionados vêm, pelo presente, lançar a candidatura do Dr. Carlos Eduardo Loretti Palermo à Presidência do Jockey Club Brasileiro nas próximas eleições de maio deste ano.
Estamos certos de que o candidato que estamos apoiando reúne as condições, sejam pessoais, sejam funcionais, para, através de permanente diálogo com o quadro social, garantir a fraternidade no convívio e unir todos os segmentos de atividades e de lideranças do Clube, em torno de um projeto comum de resgate de sua grandeza.
Engenheiro por formação, empresário, sócio do JCB há mais de 26 anos, frequentador do turfe e plenamente inteirado dos problemas que envolvem todos os segmentos do Clube, como a Sede da Lagoa, a Sede Central e a garagem, Dr. Carlos Palermo foi diretor do JCB durante a administração do Dr. Fragoso Pires.
Foi, também, Presidente da Sociedade Hípica Brasileira durante quatro mandatos, havendo angariado na referida instituição experiência e admiração do quadro social pela competência e espírito humano que comandaram sua atuação.
Por essas razões, não temos dúvida de que o Dr. Carlos Palermo carrega consigo uma vasta experiência na gestão de sociedades da importância, da complexidade e do prestígio do Jockey Club Brasileiro.
José Carlos Fragoso Pires
Luiz Alfredo Aranha D'Escragnolle Taunay
Claudio Ramos
Lineu de Paula Machado
Afonso Cesar Boabaid Burlamaqui
Alcino Cochrane de Affonseca
Andrea Coelho de Mendoça
Antônio Augusto Roxo Monarcha
Antônio Joaquim Peixoto de Castro Palhares
Arnaldo de Souza Gomes Borges
Cândido Luiz Maria de Oliveira Bisneto
Cesar Augusto Gonçalves Pereira
Luiz Antonio Ribeiro Pinto
Luis Felippe Índio da Costa
Luis Felipe Palmeira Lampreia
Luiz Fernando de Freitas Santos
Luiz Fernando Galhardo de Alencar
Marcos Vinicius Pratini de Moraes
Maria Luiza de Mendonça
Mario Bronstein
Mauro Marcondes Rodrigues
Patrícia Franco de Moraes Rêgo
Paulo de Souza Renha
Sergio Augusto T. B. de Barcellos
Sergio Coutinho de Menezes
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Na lista também está o empresário Índio da Costa, que nas duas últimas administrações foi responsável por grandes projetos arquitetônicos no clube.
José Carlos Fragoso Pires, que comanda a lista, foi candidato derrotado pelo senhor Luiz Alfredo Taunay depois de dois períodos de mandato.
Percebe-se que há aí uma união de todas as frentes, mesmo quando de oposição no passado, para derrotar o atual presidente.
Há informações de que tramitam na Justiça vários processos contra alguns dos signatários, propostos pelo presidente, e de quase todos os assinantes contra o presidente, pelas razões mais diversas.
As eleições em maio prometem grande ruído na sociedade turfista e countrysta do Rio de Janeiro. O grupo que apoia o atual presidente, na sua maioria, é de sócios do Country Club. Não significa que não exista sócio do Country apoiando o outro candidato.
O título do JCB, tradicional clube do Brasil, não custa mais do que R$ 15 mil. Em compensação, houve negócios entre sócios vendendo e comprando cocheiras de cavalo, em valores que iam de US$ 100 mil a US$ 200 mil, sendo que essas cocheiras eram colocadas em plena Lagoa Rodrigo de Freitas, com suas águas pluviais poluídas.
A dificuldade de grandes empresários com a Feema para conseguirem montar seus negócios de indústria no Rio contrastam com a pouca importância dada pelos órgãos fiscalizadores ligados ao meio ambiente.
O JCB foi constituído nessa área, através de concessão pública, para que pudesse haver o fomento e o incremento da criação de cavalo de corrida nacional. Hoje, esse negócio reúne no máximo 100 proprietários desses cavalos, num clube que reúne mais de 5 mil sócios. A garagem no centro da cidade, com seus sócios garagistas, torna-se mais forte que a razão da existência do clube, que é o turfe. Um restaurante de comida sofrível com preço barato também é ponto de encontro para muitos turfistas.
O prefeito do Rio de Janeiro, que tentou resgatar o Carnaval com grandes festas na cidade, num primeiro momento o colocou na Zona Portuária.
As dificuldades de locomoção, se não bastasse ser uma região tão perigosa, fez com que o Jockey Club passasse a sediar este ano esses grandes festejos.
Feira Hype, casamentos e outros negócios fazem com que o tradicional Jockey Club Brasileiro venha se deteriorando, a ponto de uma construção mal feita ou mal conservada ter desabado há dois meses e atingido um sócio, que ainda luta para corrigir os problemas de saúde que o desabamento provocou.
Não se conclui se é decadência do clube ou, como se vê em vários lugares importantes da cidade, uma decadência do próprio Rio de Janeiro.
