Crítica | Invasão do mundo: Batalha de Los Angeles | Pecados de guerra

Por Carlos Helí de Almeida

 

O título vende o peixe exatamente como ele é: a ameaça extraterrestre é global, mas o conflito é mostrado do ponto de vista da cidade californiana. A geografia e a particularização do episódio, no entanto, não têm a menor importância no filme do sul-africano Jonathan Liebesman, já que se atrela a caricaturas do gênero, e as situações parecem extraídas de um vídeo de recrutamento do exército americano.

Não bastasse a reciclagem de   conceitos de heroísmo, ufanismo e (por que não?) traumas bélicos, Batalha de Los Angeles toma muito coisa emprestada do visual de Distrito 9, este sim, uma original parábola alienígena, não por acaso assinada  por um conterrâneo de Liebesman, Neill Blomkamp. Num primeiro momento, faz-se suspense sobre a aparência dos invasores, uma combinação de insetos gosmentos e fuselagem de robôs, como que temendo que o espectador descubra o truque. O jogo de esconde-esconde evolui para relances dos vilões, e até closes mais explícitos, mas tudo continua embaralhado pela abordagem pseudodocumental da câmera.

A trama é centrada em um grupo de marines (fuzileiros da marinha de guerra) que parece ter saído de um manual de como fazer um mau filme de guerra: o sargento Michael Nantz (Aaron Eckhart) é um veterano traumatizado com a perda de subordinados no Iraque; o tenente William Martineza (Ramon Rodriguez) é um novato com garra mas completamente inexperiente em combates; o cabo Jason Lockett (Cory Hardrict) vive assombrado pela perda do irmão, também fuzileiro; a técnica de comunicações Elena Santos (Michelle Rodriguez) quer provar que é mais do que um rostinho bonito.

É a este bando problemático que é confiada a missão de resgatar um grupo de civis, acuado numa delegacia de uma parte da cidade dominada pelos aliens e prestes a ser detonada pelo exército. A tarefa serve de desculpa para correrias, troca de tiros e ataques surpresa dos bichos cascudos, distorcidos pelo histerismo da câmera e da edição, e sublinhados por frases de efeito. A impressão que fica é que, descontando a exploração do prazer sádico da plateia de ver um ícone americano em ruínas, a batalha poderia acontecer em qualquer outro lugar, e os inimigos nem precisariam vir de fora do planeta.