B Ideias & Livros: O centenário de nascimento de Mauro Mota
A capital pernambucana, no dia 16 de agosto de 1911, trouxe ao mundo um exemplo de poeta, professor, jornalista, cronista, ensaísta e memorialista brasileiro. Não por acaso, também nesta data comemora-se o Dia do Poeta Recifense. Mauro Mota é o autor de Boletim sentimental da guerra do Recife, publicado em 1952 e um dos seus mais conhecidos poemas. O autor faleceu no ano de 1984, deixando para o país um vasto legado da arte escrita e se eternizando como um grande escritor da geração de 45. Sua viúva, Marly Mota, é minha companheira na Academia Pernambucana de Letras.
No ano do centenário de nascimento de Mauro Mota, é imprescindível trazer à tona a memória e a força das obras do escritor para a literatura brasileira. Em 1952, Mota publicou Elegias, obra de grande relevância para o mundo literário, que recebeu prêmios da Academia Brasileira de Letras (ABL) e da Academia Pernambucana de Letras (APL). O livro de poesias relata a dor da perda de Hermantine, mulher do eu lírico, onde o poeta se descobre pela dor e revela uma riqueza melódica.
O jornalista também teve publicadas as obras A tecelã, Os epitáfios e O galo e o cata-vento, sendo todas compostas por versos e poemas, o que o consolidava na sua posição de poeta, além de retratar, de maneira singular, os dramas do cotidiano dentro da temática regional. Nota-se, entretanto, que as poesias de Mauro Mota se equilibravam nos temas urbanos e regionais, o que revela as influências do autor que nasceu na cidade do Recife e passou a infância na zona rural de Pernambuco, no município de Nazaré da Mata.
No jornalismo, o recifense, pai de seis filhos, começou a atuar ainda no colégio, onde, com o estímulo do padre Nestor de Alencar, começou a publicar seus primeiros trabalhos em O Colegial, jornal dirigido pelo religioso. Anos depois, o poeta passaria a escrever, profissionalmente, em A Pilhéria e na Revista da Cidade. Já na década de 50, o escritor atingiria o seu auge na área, chegando à direção do Diário de Pernambuco, apesar de sua formação na área do direito pela Faculdade do Direito de Recife.
Mesmo com uma marcante atuação no jornalismo e na literatura, Mauro Mota foi além e também fez história no setor educacional do estado de Pernambuco. Professor de história, catedrático de geografia do Brasil do Instituto de Educação de Pernambuco e diretor executivo do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais são algumas das atribuições do poeta pernambucano durante sua dedicação à vida acadêmica.
No entanto, a maior influência deixada para nós, certamente, diz respeito à poesia de Mauro Mota, cujo trabalho foi reconhecido ao ingressar na Academia Brasileira de Letras (ABL), em 1970, além de ter sido membro da APL e sócio correspondente, em Pernambuco, das Academias de Letras paulista, mineira, paraibana e alagoana. Merecidamente, o ilustre poeta recebeu inúmeras honrarias, como a Medalha Pernambucana do Mérito e a Medalha Joaquim Nabuco. O escritor também publicou Cajueiro nordestino, Paisagem das secas, Capitão de Fandango, Terra e gente, entre outras obras de destaque para a literatura nacional.
Uma evocação à cultura e à arte escrita, o grande poeta Mauro Mota foi ovacionado pelo, também pernambucano, poeta e primo Marcus Accioly, que afirmou em um dos seus poemas: “Em Nazaré da Mata (Pernambuco)/ Um poeta viveu sob um menino/ como a semente vive sob o fruto”.
Antônio Campos, Advogado e escritor
