Resonance lança discos inéditos de Stan Getz e João Gilberto
A Resonance Records é uma etiqueta californiana sem fins lucrativos, fundada em 2008, e sustentada pela Rising Stars Foundation, instituição presidida pelo renomado produtor e audio engineer George Klabin. Do seu catálogo mais recente constam um álbum duplo documentando a estreia no Village Vanguard, em 1966, da lendária Thad Jones/Mel Lewis Orchestra, e um registro também inédito do trio do guitarrista Wes Montgomery de 1959, em Indianapolis (One night inIndy).
Nesta sexta-feira (19/2), a Resonance lançou outros dois CDs de especial “ressonância” histórica, desta vez tendo como estrela o inefável saxofonista Stan “The Sound” Getz (1927-1991) e, num deles, também, o não menos icônico vocalista-violonista João Gilberto: Moments in time e Getz/Gilberto '76. Os registros só agora disponíveis foram feitos numa mesma semana de maio de 1976, ao vivo, no saudoso clube Keystone Korner (1972-1983), em San Francisco.
Moments in time é um disco puramente instrumental, com Getz no comando de um conjunto de alto nível integrado por Joanne Brackeen (piano), Billy Hart (bateria) e Clint Houston (baixo). Todd Barkan, dono do Keystone Korner, recorda, nas notas escritas para a edição, que o saxofonista tenor - epítome do cool jazz - “adorava” o lugar, onde tocou muitas vezes, sempre com a casa cheia, nos 11 anos de existência do clube. (E vale aqui o parêntese para lembrar que Art Blakey, Bill Evans, Art Pepper e outros grandes jazzmen também lá gravaram discos ao vivo).
A hoje septuagenária Joanne Brackeen assim recorda o Stan Getz à frente daquele quarteto, lá se vão quase 40 anos: “Ele já era famoso. Não precisava formar aquele conjunto. E foi uma coisa louca! Nós podíamos fazer tudo o que conseguíamos fazer, pois não éramos simples acompanhantes... E então você o ouvia tocando, tão lírico, sem tocar uma nota que não tivesse um significado (…) E ele era também assim quando falava”.
Os temas mais conhecidos e apreciados de Moments in time são: O grande amor (6m50), de Tom Jobim; Infant eyes(7m45), de Wayne Shorter; Con alma (12m35), de Dizzy Gillespie; Peace (5m05), de Horace Silver; Prelude to a kiss(5m40), de Duke Ellington. As outras três faixas são interpretações do standard Summer night (6m50), de The cry of the wild goose (8m20) e Morning star (8m40) – as duas últimas peças de autoria do trompetista Kenny Wheeler e do pianista Jimmy Rowles, respectivamente.
Getz/Gilberto '76, por sua vez, é o terceiro encontro registrado em disco da dupla que sacramentou o casamento da sutileza rítmico-melódica da bossa nova com o “som da surpresa” do jazz. Os dois já tinham gravado para a Verve o clássicoGetz/Gilberto (1964) – vencedor de um Grammy – e Getz/Gilberto #2 (1966).
Na seleção do reencontro de 1976, ao vivo, no Keystone Korner, o saxofonista e o cantor-violonista interpretam 11 temas do repertório gilbertiano, a maioria de autoria de Tom Jobim (Águas de março, Retrato em branco e preto, Chega de saudade) e de Dorival Caymmi (Samba da minha terra, Rosa Morena, Doralice). As outras faixas são: Eu vim da Bahia (Gilberto Gil);Morena boca de ouro (Ary Barroso); Um abraço no Bonfá e João Marcelo (João Gilberto); duas versões de É preciso perdoar(Alcyvando Luz).
(Infant eyes, do CD Moments in time, e Chega de saudade, de Getz/Gilberto '76, podem ser ouvidos em:www.elmoremagazine.com/2016/01/music-news/preview-two-upcoming-resonance-records-releases-from-stan-getz-and-joao-gilberto).
GRAMMY 2016
Os CDs que conquistaram o Grammy 2016 nas três categorias jazzísticas mais importantes da premiação, anunciada na última segunda-feira (15/2), foram os seguintes:
- “Jazz instrumental album”: Past Present (Impulse!), com o guitarrista John Scofield e o saxofonista Joe Lovano na liderança de um quarteto com o baterista Bill Stewart e o baixista Larry Grénadier (Álbum indicado e recomendado nesta coluna em 17/10/2015).
- “Large jazz ensemble album”: The Thompson fields (Artistshare), da orquestra da compositora Maria Schneider(Álbum indicado e recomendado nesta coluna em 4/7/2015).
- “Jazz vocal album”: For one to love (Mack Avenue), da nova estrela Cécile McLorin Salvant.
