Xenofobia na Europa aumenta com crise, dizem organizações

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Portal Terra

LÚCIA JARDIM - As três principais organizações européias de proteção de Direitos Humanos lançaram, nesta sexta-feira, pela primeira vez desde o início do início da fase de turbulência financeira, um comunicado conjunto no qual alertam que "a crise econômica atiça o racismo e a xenofobia".

Conforme a declaração, assinada pelo Escritório das Instituições Democráticas e de Direitos Humanos da Organização pela Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), pela Comissão Européia Contra o Racismo e a Intolerância do Conselho da Europa e pela Agência dos Direitos Fundamentais da União Européia, "a situação está preocupante", uma vez que a crise econômica acentua o número e a gravidade das ocorrências de atos de repúdio aos imigrantes. O comunicado foi baseado nos resultados de pesquisas internas de cada um dos órgãos, cujos dados não foram revelados.

- Nossas organizações se alarmam quanto aos últimos relatórios mostrando uma recrudescência dos atos violentos contra imigrantes, refugiados e asilados, assim como minorias como os ciganos - alerta a declaração. O comunicado chama particular atenção ao fato de que os imigrantes possam ser alvo de discriminação dos próprios governantes, incitando ainda mais as populações a se voltar contra os estrangeiros.

- A história da Europa nos lembra que, de uma depressão econômica, nós pudemos entrar tragicamente na exclusão social e na perseguição. Nós tememos que, nestes tempos de crise, os migrantes, as minorias e outros grupos vulneráveis se transformem em bodes expiatórios de certos políticos com tendências populistas, ou de certas mídias.

O texto foi divulgado por Bruxelas, na véspera do Dia Internacional da Luta Contra a Discriminação Racial, comemorado neste sábado. As três organizações lembram que "fazer o outro ser bode expiatório" já ocorreu por diversas ocasiões "particularmente violentas e evocando crimes de ódio". No entanto, o comunicado não dá exemplos de a quais eventos se refere, se limitando a dizer que os atos extremistas estão ocorrendo "em um certo número de países da Europa".

As organizações pedem prudência aos governantes em seus discursos, cuidando para não incitar a população a se voltar contra os estrangeiros e não agravar as tensões religiosas, raciais ou étnicas.

- Essa prudência se impõe cada vez mais, na medida em que a crise se acentua.

Além disso, o comunicado convoca os responsáveis políticos e as personalidades locais de cada país a adotarem uma posição pública contrária aos atos racistas e xenofóbicos, "provando responsabilidade e evitando qualquer argumentação simplista com conotações racistas, xenofóbicas ou antissemitas durante debates ou eventos complexos concernindo a vida social, política e econômica".

Os defensores dos Direitos Humanos ressaltam o engajamento na investigação e na pesquisa das manifestações neste sentido devem ser uma prioridade, assim como a assistência às vítimas de preconceitos e a punição dos responsáveis.