Justiça russa confirma ilegalidade do Partido Nacional-Bolchevique

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Agência EFE

RÚSSIA - O Supremo Tribunal da Rússia decidiu nesta terça-feira manter a cassação do registro do Partido Nacional-Bolchevique (PNB), dirigido pelo escritor Eduard Limonov, por considerar que a atividade do partido é "extremista".

O Supremo, que já tinha proscrito o PNB há dois anos, reafirmou a sentença anterior emitida após um novo exame do caso pelo Tribunal Municipal de Moscou em 19 de abril e não aprovou o recurso de cassação apresentado por Limonov.

- Este veredicto não é nenhuma surpresa para mim. Venho enfrentando o sistema judiciário russo há anos e já pressinto as sentenças pela composição dos juízes e até por intuição - disse Limonov à imprensa, segundo a agência de notícias russa "Interfax".

Limonov, cujo partido exige a saída do presidente russo, Vladimir Putin, disse que "é só outra batalha judicial perdida". Ele anunciou que apelará no Tribunal Europeu de Direitos Humanos, com sede em Estrasburgo.

- O PNB continua proibido, mas ninguém pode proibir seus militantes de se dedicarem à atividade política - disse o escritor.

O partido é o que tem mais militantes presos, por causa dos freqüentes protestos contra o Governo.

Os nacional-bolcheviques poderão participar das ações da coalizão opositora "Outra Rússia", co-liderada pelo campeão mundial de xadrez e político liberal Garry Kasparov e pelo ex-primeiro-ministro Mikhail Kassianov.

A promotou Nina Semionova se declarou "plenamente satisfeita com o veredicto".

- A partir de hoje, o PNB fica proibido. Se continuarem realizando suas ações, poderão ser enquadrados na legislação administrativa e penal - ressaltou.

O nacional-bolchevismo é uma ideologia que prega um misto entre o fascismo e o comunismo de orientação stalinista, desenvolvida após a dissolução da União Soviética por Limonov e pelo jornalista Aleksandr Duguin.

Recentemente, o Kremlin endureceu os termos da lei russa sobre o extremismo, o que foi denunciado por ativistas de direitos humanos como outro passo para proibir críticas, amordaçar a oposição e impedi-la de participar de eleições.