Turquia enfrenta cortes de água e eletricidade em função de seca
Agência EFE
ISTAMBUL - A Turquia enfrenta grandes cortes no fornecimento de água e de eletricidade em função de uma grave seca que atinge o país e que provocou a redução do nível de água dos reservatórios até níveis críticos.
Em Ancara começou hoje o racionamento de água ordenado pela Prefeitura, e cada bairro da capital - de forma alternada - disporá de dois dias de água e dois dias sem água durante os próximos cinco meses.
Após a divulgação do plano, o preço do garrafão de água potável de 5 litros aumentou 40% na última semana.
O nível dos reservatórios que abastecem Ancara é de 4,8%, enquanto em Istambul é de 28%, quantidade de água que os especialistas consideram suficientes apenas para os próximos três meses.
Caso não sejam registradas chuvas, a cidade de Bósforo deverá tomar as mesmas medidas que Ancara.
Os especialistas criticam a demora de Governo e Prefeituras para aplicar restrições ao uso de água, algo que atribuem às eleições legislativas realizadas em julho.
- Não só este Governo, mas também os anteriores fracassaram ao investir no setor energético durante os últimos 20 anos e, por outro lado, perderam tempo falando vagamente sobre a energia nuclear - criticou o membro da Câmara de Engenheiros Elétricos de Ancara, Cengiz Göltas, em declarações ao jornal 'Milliyet'.
Outro dos problemas enfrentados na Turquia por causa da seca é o risco de uma crise energética por causa da dependência da eletricidade de procedência hídrica e do rápido aumento no consumo.
As primeiras províncias afetadas pelos blecautes foram Denizli, Isparta e Antalya - situadas nas regiões Egea e Mediterrânea -, todas com grande volume turístico.
A produção elétrica das represas dos rios Tigre e Kizilirmak - dois dos maiores da Turquia - registrou um total de 49% e 20%, respectivamente, o que representa uma perda de 12% da produtividade com relação ao ano passado.
O Governo turco prometeu a construção de novas represas e recentemente aprovou uma lei que permitirá pela primeira vez a abertura de usinas nucleares no país.
Outra das soluções estudadas é a privatização da gestão de rios e lagos por um período de 29 a 49 anos.
Os concursos para as privatizações, que estarão abertos a investidores estrangeiros, incluirão um total de 12 ou 13 rios entre os quais estão o Tigre, o Eufrates e o Kizilirmak.
O aumento global das temperaturas e um ano com poucas chuvas são apontados como razões para a grave seca, embora alguns especialistas a atribuam ao mau uso dos recursos hídricos.
- O aquecimento global implica um aumento das precipitações. Se na Turquia vivemos uma seca não é culpa do clima e sim da falta de conhecimento ao usar a água - disse o professor de Ciências do Mar da Universidade de Esmirna, Dogan Yasar, em declarações publicadas na edição de hoje do jornal 'Sabah'.