Igrejas protestantes criticam documento divulgado pelo Vaticano
Agência EFE
ROMA - A Federação das Igrejas Evangélicas na Itália e a Igreja Valdese criticaram o documento divulgado nesta terça-feira pelo Vaticano no qual a Santa Sé reafirma que a Igreja Católica é a única Igreja de Cristo, por considerar que é um 'passo atrás'.
- É um passo atrás nas relações entre a Igreja Romana e as outras comunidades cristãs - afirmou nesta terça-feira o pastor Domenico Maselli, presidente da Federação de Igrejas Evangélicas na Itália.
Maselli acrescentou que o documento repete o já dito na declaração vaticana 'Dominus Iesus', de 2000 - que afirmava que a única Igreja de Cristo subsiste na Católica -, e que a 'novidade' é que o conceito 'se reitera agora com uma clareza insólita'.
O pastor protestante acrescentou que, para a Santa Sé, o único modo de conseguir a unidade dos cristãos 'seria entrar na Igreja Católica Romana'.
Apesar das críticas, Maselli se mostrou a favor de dar continuidade ao diálogo ecumênico.
Para a Igreja Valdese, o documento demonstra a 'idéia monopolista do cristianismo' que a Igreja Católica tem, uma idéia 'que irrita e é difícil de digerir'.
- É um duro ataque à identidade dos outros, uma verdadeira e própria negação - afirmou o teólogo Paolo Ricca à imprensa italiana, afirmando que o tratamento que a Santa Sé dá às Igrejas que surgiram com a Reforma Protestante é de 'terceira categoria'.
Segundo Ricca, o documento 'fecha definitivamente' as portas que o Concílio Vaticano II 'parecia ter aberto quando dizia que a Igreja de Cristo subsiste na Católica e não é apenas a Católica'.
As Igrejas protestantes criticaram também o fato de o Vaticano considerar Igrejas comente as ortodoxas e chamar de 'comunidades cristãs' as surgidas após a Reforma do século XVI.
Segundo o Vaticano, estas não conservaram o sacramento da Ordem, "um elemento constitutivo essencial da Igreja', e também não respeitam 'integralmente' a Eucaristia.
Isto as impede de serem consideradas Igrejas, segundo o Vaticano, embora a Santa Sé reconheça nelas 'elementos de santificação e verdade, que têm um valor salvador'.
O secretário da Congregação para a Doutrina da Fé (ex-Santo Ofício), que preparou o texto, o arcebispo Antonio Amato, afirmou nesta terça-feira à 'Rádio Vaticano' que a 'ferida' com as Igrejas protestantes é mais profunda que a aberta com as ortodoxas.
Amato reiterou que as protestantes, ao contrário das ortodoxas, não mantiveram o sacramento da Ordem e, devido à falta do sacerdócio ministerial, estas comunidades não conservaram 'a genuína e íntegra substância do Ministério Eucarístico'.
