Morte de Vilma Espín, mulher de Raúl Castro, deixa Cuba de luto
Agência EFE
HAVANA - Cuba chora nesta terça-feira a morte de Vilma Espín, figura histórica da revolução e mulher de Raúl Castro, presidente interino do país, que morreu na última segunda-feira em Havana, aos 77 anos, após uma longa doença.
Espín era uma das últimas representantes de uma geração de mulheres revolucionárias que marcaram a história recente de Cuba.
Ela passou da luta clandestina no Exército Rebelde ao papel de Primeira-dama em atos oficiais.
À frente da Federação de Mulheres Cubanas (FMC), cargo vitalício que ocupou desde 1960, e como membro do Escritório Político e do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba, ela se tornou uma das mulheres com mais peso político da revolução.
Ontem à noite, um locutor da televisão estatal anunciou um dia de luto e homenagens para a despedida de uma heroína da clandestinidade e combatente destacada do Exército Rebelde.
O corpo de Vilma Espín foi incinerado na segunda-feira. As suas cinzas serão depositadas no Mausoléu da II Frente Frank País, na Sierra Maestra, berço da revolução, com honras militares. O Conselho de Estado declarou luto oficial até as 22h (23h de Brasília).
Milhares de pessoas deverão participar das homenagens organizadas no Memorial José Martí, em Havana, e no monumento a Antonio Maceo, em Santiago de Cuba. Dirigentes do Governo e do Partido vão a um velório no teatro Karl Marx.
Nascida em 7 de abril de 1930, numa família de classe média, Espín pertenceu a vários grupos progressistas na Universidade de Santiago. Participou do Movimento 26 de Julho (surgido após o frustrado assalto aos quartéis Moncada e Carlos Manuel de Gramados, liderado por Fidel Castro, em 1953) e fez parte de sua Direção Nacional na clandestinidade.
Conheceu Raúl Castro em 1954 no México, durante o exílio dos irmãos Castro. Casou-se com ele pouco depois do triunfo da revolução, em 1959.
Espín, durante sua luta clandestina, utilizou os pseudônimos de Débora, Alicia, Mónica e Mariela. Ela teve quatro filhos com Raúl Castro: Débora, Mariela, Nilsa e Alejandro.
Em 1960, criou a Federação de Mulheres Cubanas (FMC) para promover o papel da mulher no projeto revolucionário. Foi a maior organização feminina de massas, com mais de 4 milhões de filiadas, quase 90% das mulheres maiores de 14 anos em todo o país.
Devido ao cuidado de Fidel Castro com a privacidade de sua família, atuou também durante anos como Primeira-dama em eventos e atos oficiais junto ao líder cubano. Paralelamente, seguiu carreira na administração e no Partido Comunista de Cuba. Foi deputada do Parlamento cubano desde a primeira legislatura.
Vilma Espín apareceu pela última vez em público em setembro de 2005, durante uma reunião do Parlamento no Palácio de Convenções de Havana.
