Guerra na Ucrânia é 'drama de Caim e Abel', diz Papa

Pontífice falou sobre 'violência diabólica' em país europeu

Por JORNAL DO BRASIL

Papa Francisco recebeu em audiência participantes da Assembleia Plenária da Reunião de Obras de Ajuda às Igrejas Orientais (R.O.A.C.O.)

O papa Francisco comparou a guerra iniciada pela Rússia na Ucrânia com a passagem bíblica sobre os irmãos Caim e Abel - quando o primeiro matou o irmão - durante a assembleia da Reunião das Obras de Ajuda às Igrejas Orientais (Roaco) nesta quinta-feira (23).

"Eu vos peço que continuem a ter diante de seus olhos o ícone do bom samaritano: vocês fizeram e sei que continuam a fazer também pelo drama causado pelo conflito que no Tigré novamente feriu a Etiópia e em parte a vizinha Eritreia, e sobretudo, pela amada e martirizada Ucrânia. Lá, voltou-se ao drama de Caim e Abel. Foi liberada uma violência que destrói a vida, uma violência luciferiana, diabólica, a qual os que creem são chamados a reagir com a força da oração, com a ajuda concreta da caridade, com cada meio cristão para que as armas deem lugar às negociações", afirmou aos religiosos.

Francisco ainda agradeceu a Roaco por ter contribuído com a "caridade da Igreja Católica e do Papa na Ucrânia e nos países onde foram acolhidos refugiados".

"Na fé, sabemos que as alturas do orgulho e da idolatria humanas serão abaixadas, e acalmados os vales de desolação e das lágrimas, mas queremos também que seja cumprida a profecia de paz de Isaías: que um povo não levante mais a mão contra outro povo, que as espadas se tornem-se arados e as lanças, foices", pontuou citando mais uma passagem bíblica.

No entanto, o líder católico reconheceu que no momento "tudo parece andar na direção oposta" ao que Isaías previu ao afirmar que hoje "a comida diminui e o barulho das armas aumenta". "É o sistema de Caim que rege hoje a história, mas não paremos de rezar, de jejuar, de socorrer e de trabalhar para que os sentinelas da paz encontrem espaço na selva dos conflitos", finalizou.

O Vaticano vem cobrando publicamente que os alimentos, especialmente os grãos produzidos pela Ucrânia, um dos maiores em produção no mundo, não sejam usados como armas de guerra e agravem ainda mais os problemas da segurança alimentar, especialmente, nos países mais pobres. (com agência Ansa)