Chefe da CIA disse ao governo Bolsonaro para não duvidar do sistema eleitoral no Brasil, diz Reuters

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Por JORNAL DO BRASIL

O diretor da Agência Central de Inteligência (CIA),William Burns

Em declarações feitas em reunião fechada com presidente brasileiro no ano passado, mas apenas reveladas agora, fontes disseram à agência que diretor da CIA demonstrou preocupação da administração Biden com as eleições no Brasil.

O diretor da CIA, William Burns, teria dito a altos funcionários brasileiros que o presidente Jair Bolsonaro (PL) deveria parar de lançar dúvidas sobre o sistema de votação de seu país antes das eleições de outubro, segundo duas fontes brasileiras falando sob condição de anonimato para a Reuters.

Entretanto, as declarações ocorreram no ano passado, em uma reunião a portas fechadas em julho quando Burns veio a Brasília, mas só agora foram reveladas.

A agência de notícias afirma que uma terceira fonte em Washington teria confirmado que uma delegação liderada por Burns disse aos principais assessores de Bolsonaro que o presidente deveria parar de minar a confiança no sistema eleitoral.

Burns foi, e continua sendo, o mais alto funcionário dos EUA a se reunir em Brasília com o governo Bolsonaro desde a eleição do presidente dos EUA, Joe Biden.

Durante sua viagem não anunciada, Burns, diplomata de carreira indicado por Biden no ano passado, se encontrou no palácio do Planalto com Bolsonaro e dois assessores de inteligência: o conselheiro de Segurança Nacional, Augusto Heleno, e Alexandre Ramagem, então chefe da Agência de Inteligência Brasileira (ABIN).

O diretor também jantou na residência do embaixador dos EUA com Heleno e o então chefe de gabinete de Bolsonaro, Luiz Eduardo Ramos.

No jantar, segundo uma das fontes, Heleno e Ramos procuraram descartar o significado das repetidas alegações de Bolsonaro de fraude eleitoral. Em resposta, disse a fonte, Burns disse a eles que o processo democrático era sagrado e que Bolsonaro não deveria estar falando dessa maneira.

"Burns estava deixando claro que as eleições não eram um assunto com o qual eles deveriam mexer", disse a fonte, que não estava autorizada a falar publicamente. "Não foi uma palestra, foi uma conversa."

É incomum que os diretores da CIA entreguem mensagens políticas, mas Biden deu a Burns o poder de ser um porta-voz discreto da Casa Branca, disseram as fontes.

Até hoje, desde que assumiu o cargo de presidente dos EUA em janeiro do ano passado, Biden e Bolsonaro ainda não se falaram. Além disso, quando o mandatário estadunidense foi vitorioso nas eleições, o chefe do Executivo brasileiro foi um dos últimos líderes a enviar felicitações a Biden. (com agência Sputnik Brasil)