HT na SPFW - 'Cheias de charme' gera debate sobre o que (ainda) é brega na moda

Fomos atrás dos fashionistas para descobrir a nova cara do brega - e se ele ainda está vivo

Por Com Pedro Willmersdorf e Beatriz Medeiros

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A overdose de plumas e paetês já ganhou as passarelas faz tempo, a mistura inusitada de cores foi febre no verão (beijo, color blocking!) e a de estampas, já é quase automática no nosso dia-a-dia. Pois se nem o eletrobrega é considerado brega, o que aconteceu com o estilo tão cultuado por Falcão e Reginaldo Rossi? Foi parar na novela das 19h, virou paixão nacional na pele das empreguetes e de Chayene e agora ficou chique? Nos corredores da São Paulo Fashion Week não. "As fronteiras entre o que é brega ou não estão mais diluídas e a TV também está refletindo isso, tanto em Cheias de Charme quanto em Avenida Brasil. Está rolando uma aceitação maior dessa nova estética, o que é maravilhoso, porque o Brasil sempre negou muito o Brasil", acredita Erika Palomino, diretora de redação da revista L'Officiel. 

"O Brasil é brega, a nossa alma é brega. A Tropicália só deu certo porque não teve vergonha de remexer no baú do brega e transformá-lo. O preconceito com esse estilo é herança de Casa Grande e Senzala. O brega é a expressão do povão", define Mário Mendes, editor de Artes e Espetáculos da VEJA, que não titubeia na hora de eleger o que é brega no mundo da moda. "Mulheres que estão sempre de salto e brilhando. Aquelas que acham que tudo o que é chique brilha e estão brilhando o tempo todo", elege. A socialite Carol Andraus Miranda, sempre clássica e elegante assina embaixo. "Brega é quem quer comprar tudo que seja grifado, só para se exibir. Gente sem personalidade, que é uma vitrine de marcas ambulante", diz. 

Nem adianta chegar com aquele discurso de que 'o brega está na moda', porque, por aqui, ele sempre esteve, mas os holofotes não estavam voltados para ele, como agora. "A essência do brega é chique porque tem ousadia. Toda naturalidade é chique", define o estilista Vitorino Campos, estreante nesta temporada de SPFW com apenas 24 anos, que, por conta de seu guarda-roupas quase padronizado, não corre o risco de acabar 'pagando a língua' por usar uma peça que já condenou. "Tenho o guarda-roupas da Mônica, das histórias em quadrinhos. Mas o meu tem calças jeans, camisetas pretas e, no máximo, alguns cashmeres", conta. 

O brega tem muito mais a ver com educação e personalidade do que as peças do seu armário ou do que o que sai dos fones do seu iPod, viu?