Valéria, a bandida do metrô 

Exclusivo: batemos um papo com Rodrigo Sant'anna, o pai e o corpo da personagem mais "maléfica" do Zorra Total

Por Com Pedro Willmersdorf e Beatriz Medeiros

Confira também o nosso blog.

É sábado à noite e todos os seus amigos estão te ligando, pedindo para você chegar logo na pré-night ou no barzinho escolhido da noite, mas uma coisa te prende dentro de casa. Sim, nós te entendemos perfeitamente e sofremos do mesmo mal, aquele que acomete os recentes dependentes da dupla Valéria e Janete no... Zorra total.

“É muito engraçado perceber todo esse sucesso nas ruas porque, enquanto eu estou andando normalmente, com as minhas roupas e a minha namorada, tem gente gritando ‘vai, bandida!’”, conta o ator Rodrigo Sant’anna, que dá vida à doméstica do metrô, entre risos.

A personagem que espalha os bordões que mais se escutam ultimamente, saiu do roteiro do espetáculo Os suburbanos, escrito por Rodrigo, que já passeou por diversos estados do país. O diretor do Zorra, Maurício Sherman, já era fã da peça, desde quando descobriu o talento do ator e o levou para a programação da Globo, e aceitou sua proposta. “O Sherman já tinha a ideia do metrô na cabeça e eu sugeri esse personagem a ele, já que a sexualidade está tão em voga ultimamente, até com a participação da Ariadna no BBB”, explica o ator que absorveu o universo da personagem de sua vivência no subúrbio, quando morou no Morro dos Macacos e em Quintino.

“Acho que o mais legal da Valéria é que ela também tem um lado humano muito forte. É uma transexual que convive com milhões de preconceitos, e isso até justifica o comportamento por vezes julgado como agressivo. É uma maneira de se defender do olhar preconceituoso da sociedade”, explica Rodrigo. Até as, talvez, injustas “patadas” que atingem a amiga Janete podem ser fundamentadas. “Ah, ela é uma batalhadora, que trabalha muito e, no final de um dia cansativo de trabalho, vem uma amiga chata enchendo o saco dela! Mas ela está sempre pronta com uma piadinha para se defender”, diz.

Assim como já aconteceu com diversos personagens do humorístico das noites de sábado, o sucesso meteórico de um personagem pode se transformar em queda no ostracismo em pouco tempo, mas Rodrigo está atento a isso. “O Zorra é um programa que se repete naturalmente, faz parte do formato. Mas eu preciso me preocupar com o feedback do público para não deixar que o tom de novidade suma e a sinceridade do personagem não se perca, por mais que a história dela já seja conhecida. Acho que esse é o principal no trabalho de um ator”, pontua.

E se a moça de cabelos vermelhos do metrô soubesse quanto sucesso está fazendo por aí, será que ela esnobaria mais ainda os que dividem o vagão com ela? “Eu brinco que ela é apenas uma admiradora dos artistas dentro do Projac, daquela que pararia para tirar fotos com todo mundo”, brinca Rodrigo. “Ela ficaria bastante envaidecida com o reconhecimento do público e levaria a Janete junto com ela. Porque se ela não gostasse da amiga, nem olharia para ela. E é bem a cara dela ficar famosa e dizer ‘agora a bandida é glamurosa’”, conta o ator que se assustou com o sucesso da ‘bandida’ nas redes sociais. Mas alerta, nenhum dos perfis que circula por aí é dele! “Agora tem até um funk da Valéria!”, espanta-se.

Fica a dica aí, amiga Valéria! Quando você se ligar no sucesso que está fazendo, investe na carreira de funkeira porque, olha, a gente está a-do-ran-do o preview!

colunaheloisatolipan@gmail.com