A moda em 2012: de volta ao passado
Os estilos da moda no mundo voltaram os olhos de novo para um passado rico de ideias. Na época, elas venderam pouco, por motivos específicos. Os anos 1960, campeões de originalidade e de mudanças na moda parisiense, bateram de frente com o movimento hippie, que derrubou a guerra do Vietnã. Os anos 1980 exageraram no colorido e no adornos, e apesar de impor o body, o legging e a alfaiataria de linho com ombreiras, deram de cara com o espírito prático do estilo destroy e minimalista dos anos 1990. Estas duas décadas ganharam versões mais limpas e elegantes em 2012.
Muitos eventos
As tentativas de antecipar as datas do calendário da moda brasileira provocaram três semanas de desfiles entre Rio e São Paulo - três edições do Fashion Rio, três da São Paulo Fashion Week e três do Fashion Business. Resultado: houve um enfraquecimento geral, na edição de inverno a participação pequena reduziu o número de dias. Provavelmente, será uma questão de mudança de hábitos. O lojista brasileiro precisa acostumar a planejar seus estoques com antecedência - o que só vai acontecer quando o consumo for menos estilo em-cima-da-hora.
Esta mudança acontece no mundo inteiro da moda. Mas enquanto as feiras e salões também antecipam suas datas, as grifes que apostam em semanas de coleções aumentam o número de lançamentos - e o comentário geral é que as entre-estações ou cruise collections vendem muito mais do que as de primavera-verão e de outono-inverno. Mesmo assim, a alta costura sobrevive, com a adesão de criadores de vários países - o que menos tem agora é estilista francês na agenda da roupa de ateliê.
As mudanças de calendário no Rio e São Paulo abriram caminho para fortalecer as semanas de moda de Fortaleza - o Dragão Fashion -, Maceió - a Alagoas Trend House- e firmou o Minas Trend como o point dos acessórios, em Belo Horizonte.
Nos desfiles
Nos elencos de modelos, o destaque vai para Bárbara Berger, a loura que percorreu todas as passarelas do país, sempre linda. Daiane Conterato mantém o posto de melhor andar da moda no mundo. E Gisele teve mais um bebê.
Nos desfiles internacionais, a Louis Vuitton foi o top, tanto na sala em forma de estação de trem (desfile de inverno) como nas escadas rolantes e o conceito do padrão Damier. Como coleção, pessolmente destaco o verão do Junya Watanabe, um mix de urbano e atlético muito colorido. Raf Simons acertou na primeira parte da coleção de estréia na Dior. enquanto seguiu o Bar Code - brincadeira: o estilo do tailleur Bar, que deu origem ao New Look. Depois foi um tal de vestidos fofos e metalizados, de uso dificil na vida real. Neste tema, sou mais o Rick Owens, que democratizou a roupa de festa com cortes longos e amplos.
Em matéria de eventos, ninguém imaginava o show que seria o Village Mall, (ora, apenas mais um shopping, era a impressão) que abriu com uma festa impecável. Neste shopping, a Tiffany veio com tudo, trouxe profissionais que deram verdadeiras aulas sobre joias e brilhantes para os convidados.
Marcas como Afghan, Enjoy, Cris Roberto, Agatha e o grupo Animale , continuaram crescendo como redes. A Reserva fez um belo desfile de encerramento no Fashion Rio, edição verão 2013 .
O setor joias cresceu, surpreendeu pela criatividade . Nos acessórios, o Minas Trend foi a melhor plataforma para novidades. Internacional, destaque para a Staccato, grife de sapatos audaciosos que complementou um desfile de iniciantes, a dupla da Ground Zero, em Paris.
Nas bolsas, mais uma vez Glorinha Paranaguá deu show, com clutches coloridas. Victor Hugo, hors-concours, pelos couros cada vez mais requintados e diferentes: para o próximo inverno, há canelas de avestruz à vista.
Febre de consumo: o tênis anabela, ou sneaker, como ficou conhecido por aqui. Invenção da francesa Isabel Marant, com dezenas de versões nacionais.
O americano Michael Kors ficou famoso no Brasil, graças à Carminha, personagem vivida com brilho por Adriana Esteves na novela Avenida Brasil. Ela usava bolsas e relógios by Kors.
Na bijuteria, muitos comentários em torno dos brincões do André Lima. Lindas coleções, na fronteira com joias, da Francesca Romana Diana.
A beleza nas coleções insistiu no rabo de cavalo, o penteado que facilita a troca de elencos nas semanas de desfiles. Nas ruas, ainda vale mais o cabelo longo e liso, que valorizou os poderes da linha Moroccan Oil. Outro produto de sucesso foi o rimel, em versões tão espessas que quase dispensam os cilios postiços, que voltaram na onda dos anos 1960.
No jeans, a Cedro foi a tecelagem que resumiu a evolução dos estilos em função das décadas, em campanha didática. Cavalera e Ellus mostraram belas coleções.
Lojas que impressionaram: Animale no Village Mall, a H. Stern no Rio Design Barra. Entre as que inovam, a Memove, cheia de tecnologia. Conheci no Recife Shopping.
A estampa em preto e branco do verão praiano da Osklen brilhou no desfile .
Falando em Osklen, finalmente foi vendida em parte para a Alpargatas; a Farm está feliz no grupo Animale, a Salinas, junto da Richards & cia. Esta movimentação é normal, faz parte da evolução e do crescimento profissional das marcas.
O nome da moda brasileira, pelo empenho, pelo esforço de estar presente nos eventos, sempre com alegria e roupa com identidade própria: Victor Dzenk.
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