"Não há lugar para uma figura como Marin na CBF", diz Jandira Fehgali

Deputada e presidente da Comissão de Cultura entregou petição pedindo a saída do dirigente

Por Henrique de Almeida

"José Maria Marin foi deputado e contribuiu com a sua posição política para a prisão de Vladimir Herzog, o que acabou resultando na sua morte. Marin elogiou o Sérgio Fleury, um dos maiores torturadores do Brasil. Não é possível que uma instituição como a CBF, mesmo que privada, que representa o futebol brasileiro, tenha no seu comando uma figura dessas. A América Latina inteira vem punindo os seus torturadores e figuras que participaram desse tipo de regime. Espero que isso tenha repercussão".

Com esta declaração enfática, a deputada federal Jandira Fehgali (PCdoB) resume suas críticas ao presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin. A deputada, presidente da Comissão de Cultura da Câmara, foi nesta segunda (01) à sede da CBF no Rio para entregar uma petição de 55 mil assinaturas pedindo a saída de Marin da presidência da entidade.

Também com ela, estavam o deputado federal Romário (PSB), presidente da Comissão de Turismo e Desporto, e Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog, torturado e morto na sede do Destacamento de Operações Internas – Comando Operacional de Informações do II Exército em 25 de outubro de 1975.

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Sem adentrar no mérito da questão, causa-me estranheza quando os órgãos de imprensa do nosso Estado, de há muito tempo vêm levantando esse problema, pedindo providências aos órgãos competentes, com o que está acontecendo com o Canal 2, e não verificamos pelo menos, nenhuma palavra de esclarecimento.  

Já não se trata de divulgar o que é bom e deixar de divulgar aquilo que é mal, mas, trata-se da intranquilidade que já toma conta de São Paulo, um assunto que não é comentado apenas desta tribuna, que não é comentado apenas nos meios políticos, mas é assunto comentado em quase todos os lares de São Paulo. 

Neste aparte, nobre deputado Wadih Helu, quero chamar a atenção do Sr. Secretário da Cultura do Estado de São Paulo e do Sr. Governador do Estado, que venham a público esclarecer definitivamente essas denúncias que estão sendo levantadas  pela Imprensa de São Paulo e, de forma particular e corajosa, pelo jornalista Cláudio Marques. 

Se a maioria dessas denúncias está sendo levantada pelos vários jornais de São Paulo, basta um simples exame desse problema para verificar que não só o jornalista citado dessa tribuna vem verificando os fatos negativos, pois não se vê nada de positivo, apresenta apenas misérias, apresenta problemas, mas não apresenta soluções.  

Nessas condições, congratulamo-nos com V.Exa. pela oportunidade em levantar este problema e quero daqui neste ligeiro aparte, fazer um apelo ao Sr. Governador do Estado:  ou o jornalista está errado ou então o jornalista está certo. O que não pode continuar é essa omissão, tanto por parte do Sr. Secretário da Cultura, como do Sr. Governador.  

É preciso mais do que nunca uma providência, a fim de que a tranquilidade volte a reinar não só nesta Casa, mas, principalmente, nos lares paulistanos”.