Bruno, filho de Bernardinho, se sente mais maduro e confiante

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Bruno Voloch, Jornal do Brasil

RIO DE JANEIRO - Essa semana será de fortes emoções para Bruno Rezende, levantador titular da seleção brasileira de vôlei. No domingo, Bruno estará na avenida torcendo, não desfilando, pelo Salgueiro, sua escola de coração. Na quarta-feira, não deixará de acompanhar pela televisão o clássico entre Flamengo e Botafogo.

Bruno está jogando a quinta temporada pela equipe de Florianópolis. O time ocupa a segunda colocação, e o levantador confessa que essa é a Superliga mais equilibrada dos últimos anos:

São várias equipes que podem chegar ao título. Fora isso, as equipes de menor investimento estão jogando bem e proporcionando algumas zebras. Ninguém pode dar mole, se não dança mesmo.

2010 será ano de campeonato mundial na Itália. Bruno sabe que precisa trabalhar duro na seleção pois a concorrência será grande. Humilde, elogia os demais levantadores e diz que o Brasil sai ganhando com tantas opções:

Acho isso muito bom para o vôlei brasileiro. São todos ótimos jogadores que vivem boa fase. Cada um com uma maneira de jogar e isso faz com que você tenha que trabalhar ainda mais e não se acomodar. Na seleção com Marlon e Rapha, foi muito bacana. Aprendi muito com eles, são jogadores mais rodados e me ajudaram muito. Acho que crescemos todos juntos.

Ser titular em um Campeonato Mundial seria algo inédito na carreira dele. Mas nada que o deixe assustado:

Acredito que a cada ano estou amadurecendo mais. Dizem que levantador é igual a vinho: quanto mais velho, melhor. E sinto que isso acontece comigo. Sei que ainda faltam alguns meses para o mundial e eu vou ter que trabalhar bastante para estar lá. Mas sem dúvida me sinto bem e estou preparado. Mas isso não garante nada. Vou ter que ralar para estar lá.

O fato de ser filho do treinador da seleção Bernadinho nunca influenciou em nada, garante ele. Não é nenhum tabu falar sobre isso:

Se tem pessoa que fala ainda, eu não posso fazer nada. Eu sou Bruno e ele, Bernardo técnico da seleção. Para mim, isso não influencia e também não quero dizer: "olha é muito dificil e tal". Para mim não atrapalha e nem penso mais nisso. Só penso em trabalhar muito e evoluir.

Botafoguense, apesar de ter começado a carreira aos 11 anos no Fluminense, Bruno sabe que é um sonho distante poder um dia vestir a camisa do clube de coração em uma Superliga:

Olha é muito dificil dizer isso. Lógico que seria muito bacana poder jogar no time que você torce. Mas é complicado para os clubes de futebol trabalhar com esportes olímpicos. Isso pelos exemplos que tivemos nos últimos anos. Mas seria uma alegria muito grande.

Futebol e vôlei têm vivido lado a lado. Há dois dias, o Mackenzie de Belo Horizonte demitiu ainda em quadra o técnico após a quarta derrota seguida na Superliga. A situação deixou Bruno chateado:

É complicado e entendo que todos esperam resultados, mas eu acredito sempre no trabalho feito a médio e longo prazo. Às vezes assusta esse lance de estar virando futebol. Acho que tem que dar tempo aos treinadores para que eles possam colocar seu trabalho e sua filosofia. Demitir na quadra acho falta de respeito.

Muitos jogadores voltaram ao país para a disputa da Superliga, casos de Giba, Gustavo, Rodrigão, Murilo, Marcelinho, entre tantos outros. Bruno nunca jogou no exterior, mas não esconde o desejo de um dia jogar na Europa. Tudo na sua hora.

Pelo fato de buscar um outro campeonato com uma maneira de jogar diferente, acho que seria interessante. Estou novo e posso esperar um pouco. Mas um dia espero ir pra lá sim.

O Salgueiro pode conquistar o bi na avenida. O Botaogo luta ainda para chegar novamente na decisão da Taça Guanabara.

Nos últimos anos temos perdido as finais pra eles, que são os favoritos. Mas vamos ver. Eu confio no tio Joel.