Casagrande agradece apoio e quer recuperar família

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Portal Terra

SÃO PAULO - Internado em uma clínica para recuperação de drogas desde setembro do ano passado, o ex-jogador Walter Casagrande Júnior afirmou neste sábado, em entrevista à rádio Jovem Pan, que o próximo passo em sua luta contra o vício em cocaína e heroína é recuperar o apoio da família e dos amigos mais próximos. O atual comentarista diz que os parentes vêm lhe ajudando, mas precisa mostrar que superou de vez a dependência química.

- Perdi minha mulher porque usava drogas. Você não tem noção do tamanho da doença que é usar drogas. Eu demorei quatro meses para cair a ficha e aceitar que eu era doente. Demorou. Cheguei (na clínica) bem doente, bem mal, não aceitando de que deveria estar internado. Eu tinha perdido o controle da minha vida, do meu uso de drogas. Quando você está usando, você sempre acha que está no comando, que pode parar a qualquer momento. Com isso você vai se afundando mais, vai perdendo os relacionamentos da sua vida. Fiquei separado, me afastei dos meus filhos - contou Casagrande.

Ex- atacante de Corinthians, São Paulo e Flamengo, além da Seleção Brasileira, por quem disputou a Copa do Mundo de 1986, no México, o comentarista confessou ter sofrido quatro overdoses, além de um princípio de coma em um hospital, após acidente sofrido em setembro de 2007, no bairro paulistano da Lapa, zona oeste da cidade. Desde então em tratamento, Casagrande recuperou o peso pedido pelo uso de drogas e retomou contato com os familiares, a quem, confessa, deve explicações.

- Entrei em uma nova etapa do tratamento que é a recuperação com minha família. Já tive duas terapias com meus filhos e agora vou ter a primeira com a Mônica, minha ex-mulher. Nós somos separados, precisa ver a aceitação dela nesta história, como será a postura da minha parte. Ela sempre me apoiou em todas as confusões que tive, sempre esteve ao meu lado - destacou o ex-jogador.

Casagrande estava namorando antes de entrar na clínica, mas se separou após o acidente e mostra que pode reatar com a ex-mulher, apesar dessa não ser a sua prioridade no momento.

- A Mônica está acompanhando todo o tratamento desde que eu me internei aqui. Tenho muito respeito por ela e vou conversar pessoalmente. Não é meu objetivo ter a aceitação dela, mas sim eu voltar a ter o domínio da minha vida. Se não tiver o ressentimento do que aconteceu, vamos conversar, podemos ate voltar - completou.

Além dos filhos, as únicas pessoas que tiveram contato com Casagrande na clínica foram seus pais, a quem agradece o apoio recebido. Apesar do longo período em tratamento, o ex-jogador elogia o tratamento que recebeu.

- O tratamento é tranqüilo, é você quem pode torná-lo fácil ou difícil. Eu tenho psicólogos 24h por dia, eu tenho pessoas que me ajudam, eu ouço histórias dos outros. Aqui me ajudaram a ter humildade, a olhar para mim mesmo. Eu faço um trabalho de resgate, coisas que nunca fiz na minha vida, como limpar a cozinha depois do café, colher a horta - apontou.

- A recuperação funciona assim. Não tem chicote, não tem camisa de força, não tem nada disso. Muitos dependentes têm medo de se internar porque acham que estarão em um manicômio, que serão judiados - aconselhou o comentarista, que minimiza os custos do tratamento.

- Eu sou uma pessoa privilegiada, que consegui sobreviver e tem capacidade financeira de estar em uma clínica. Mas não tenho idéia desse lado financeiro, isso é o que menos importa. O mais importante é os danos que ela me causou. O bem material você recupera, agora o seu físico, o seu emocional, seus amigos e sua família você perde e depois fica difícil recuperar. Eu nem me preocupo com dinheiro, mas sim com minha saúde - concluiu.