Cartola e Vinícius de Moraes por Drummond: um tributo à música popular
Duas homenagens escritas para grandes imortais da música popular brasileira - um estrela da bossa, outra do samba - figuram entre os grandes destaques no legado de crônicas deixado por Carlos Drummond de Andrade, nas páginas do Jornal do Brasil. A homenagem a Vinícius de Moraes (1913 -1980), no texto de 11 de julho de 1980, foi póstuma: escrita no dia de seguinte a sua morte, 9 de julho. A dedicada a Cartola (1908-1980), por sua vez, foi feita com ele ainda em vida, três dias antes do mestre sambista se despedir.
Hoje o JB republica as duas crônicas, dando prosseguimento à homenagem que faz ao poeta que completaria 110 anos em outubro. O aniversário de nascimento é o motivo que o fará ser reverenciado na 10ª Feira Literária de Parati, a realizar-se a partir de quarta-feira (4), na cidade de mesmo nome.
Em "A música popular entra no paraíso", Drummond transcreve uma alegre argumentação de São Pedro a Deus expondo a importância do Poetinha para a humanidade, o que permitiu a entrada de Vinícius no Reino dos Céus, apesar de todos os "pecados" do poetinha entre os vivos.
Tamanha era a criatividade do cronista que a chegada do "Menestrel da Gávea" ao céu contou com as boas vindas de nomes como Pixinguinha, Noel Rosa, Dolores Duran, Chiquinha Gonzaga, Bach, Mário de Andrade, Tia Ciata, Murilo Mendes, Maysa, entre tantos outros importantes artistas brasileiros.
Cinco meses mais tarde naquele ano de 1980, Drummond também dedicou espaço em sua coluna para um tributo ao compositor mangueirense Angenor de Oliveira, mundialmente conhecido como Cartola. A homenagem foi feita três dias antes da sua morte, alegrando o homenageado ainda vivo - mesmo que já em seu leito de morte. Lisonjeado com a lembrança feita pelo renomado poeta no dia 27 de novembro de 1980, Cartola pendurou a página do texto "No moinho do mundo" em sua cama de hospital.
>> Leia a íntegra de "A música popular entra no paraíso", de 11 de julho de 1980
>> Leia também "Cartola, no Moinho do Mundo", de 27 de novembro de 1980
O autor dos clássicos "As Rosas não Falam", "O Sol Nascerá" e "O Mundo É Um Moinho" teve sua vida e obra eternizadas na crônica. Drummond lembrou sua importância para promover a cultura brasileira a personalidades internacionais e também popularizar o estilo musical:
"Em Tempos Idos, o Divino Cartola, como o qualificou Lucio Rangel, faz o histórico poético da evolução do samba, que se processou, aliás, com a sua participação eficiente: Com a mesma roupagem que saiu daqui, exibiu-se para a Duquesa de Kent, no Itamaraty".
(Pesquisa CPDoc JB: Lucyanne Mano / Arte: Rodrigo Quadros)
