Carlos Drummond de Andrade, cronista que o 'JB' ajudou a imortalizar a obra

Foram 15 anos de parceria com mais de 2.300 textos publicados, três vezes por semana

Por Marcelo Auler

Na semana em que o Estado do Rio de Janeiro será palco da 10ª Feira Literária de Parati (Flip), na cidade de mesmo nome, o Jornal do Brasil se associa aos organizadores do evento nas homenagens que serão prestadas a Carlos Drummond de Andrade, pelos 110 anos de vida que se completariam no próximo mês de outubro.

A Flip, como explicou seu curador, Miguel Conde,  homenageará Drummond pelas suas poesias, "em detrimento das crônicas, porque se trata de um material ainda pouco conhecido, por incrível que pareça".

É dificil dizer se o Drummond  “cronista”, aquele capaz de, em poucas linhas, abordar os mais corriqueiros fatos da sociedade brasileira, tornou-se realmente mais conhecido do que o autor de  poesias como “No meio do caminho”, “José”, “Receita para um Ano Novo”, entre tantos outros clássicos.

Não resta a menor dúvida, porém, e isto é motivo de orgulho para o Jornal do Brasil, que as páginas do “Caderno B” ajudaram – e muito – a tornar o cronista um pouco mais conhecido do público brasileiro, notadamente dos leitores cariocas e fluminenses.

Foi uma parceria de 15 anos, iniciada em 2 de outubro de 1969, através da qual, às terças, quintas e sábados de todas as semanas, este mineiro de Itabira abrilhantava a última página daquele caderno que fez história no jornalismo brasileiro.

Durante 780 semanas, o escritor e poeta, com sabedoria, mesclava críticas agudas, algumas dissimuladas, lirismo e humor em crônicas nas quais abordava questões literárias, econômicas, políticas e sociais do cotidiano brasileiro. Nos deixou um legado de mais de 2.300 textos, em uma colaboração que se estendeu até 1984, três anos antes de sua morte, em 17 de agosto de 1987.

O Jornal do Brasil se honra de ter abrigado em suas páginas estas preciosas crônicas, em uma época em que as notícias circulavam, prioritariamente, em meios impressos.

Como se honra mais ainda de ter conseguido transportar – em uma parceria com o Google - todo este legado histórico das velhas e surradas páginas de jornal – a que pouquíssimos tinham acesso – para seu acervo >> Entrevista imaginária com o poeta

Registre-se que todo o trabalho de pesquisa ficou a cargo de Lucyanne Mano, do CPDoc JB, as reportagens e edição foram da autoria de Maria Luisa de Melo e a arte final do projeto coube a Rodrigo Quadros.