Segundo turno: alianças entre partidos começam a ser definidas

Eleitores voltam às urnas em 13 estados para escolher governadores

Por Louise Rodrigues*

Os partidos derrotados no primeiro turno das eleições já começam a mostrar seu posicionamento para o segundo turno, que acontecerá no dia 26 de outubro. Além do pleito presidencial, eleitores de 13 estados terão que voltar às urnas para decidirem seus governadores.

No Rio, Anthony Garotinho já declarou seu apoio a Crivella. Em uma coletiva de imprensa realizada logo após firmarem a aliança, o terceiro candidato mais votado disse: "Temos a necessidade de derrotar esse grupo político que está no estado do Rio de Janeiro e trouxe tanta infelicidade e tristeza para a população. Acho que chegou o momento de todas as pessoas que amam o estado do Rio, independente de partido, se unirem à uma candidatura que foi colocada pelo povo como opção à candidatura oficial".

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Lindberg Farias, do PT, também afirmou que apoiará Crivella no segundo turno. Durante a cerimônia de oficialização de apoio entre os partidos, Lindberg definiu a aliança como “união para poder derrotar o PMDB no Rio de Janeiro”. O petista disse ainda que pediu para que Crivella incorporasse suas propostas para educação no plano de governo, caso seja eleito. A proposta foi prontamente aceita pelo candidato.

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Quinto mais votado, Tarcísio Motta (PSOL) anunciou que não irá apoiar nenhum dos candidatos no segundo turno. Após uma campanha fortemente impulsionada por críticas “aos quatro cabrais”, como chamava os demais candidatos, Tarcísio manteve sua postura diante do resultado do segundo turno. “Não vamos apoiar ninguém porque nenhum dos dois programas é compatível com os projetos que apresentamos no Rio”, explicou.

Sobre a aliança firmada entre Crivella e Garotinho, a primeira a ser anunciada no estado, o candidato do PSOL avaliou: “Não me surpreende. Ao longo dos debates nós observamos que as críticas do Garotinho eram mais direcionadas ao Pezão. Além disso, a única chance do Crivella se eleger é se aproximar dos eleitores do Garotinho”.

Eleições presidenciais

A nível nacional, as políticas de apoio ainda estão sendo discutidas e firmadas entre os partidos. Até o fechamento desta reportagem, Marina Silva, que foi candidata pelo PSB, não declarou apoio a nenhum dos dois candidatos que disputam o segundo turno. Após rumores de que apoiara Aécio Neves, Marina divulgou uma nota dizendo que “as opiniões individuais de cada partido, dirigentes e lideranças políticas das agremiações neste momento de construção devem ser respeitadas, mas não refletem em nenhuma hipótese a opinião da ex-candidata".

O comunicado diz ainda que "os partidos da Coligação promoverão até amanhã, dia 8 de outubro, reuniões de suas instâncias deliberativas para definirem os pontos que consideram relevantes para a formulação de posicionamento conjunto das legendas aliadas. Na quinta-feira, dia 9, Marina Silva e as demais lideranças dos partidos aliados participarão de encontro para construir um posicionamento comum da Coligação sobre a continuidade da disputa pela Presidência da República. Marina Silva também contribuirá para a construção de uma posição da Rede Sustentabilidade nesse processo de unidade da Coligação".

O PSB anunciou também nesta quarta-feira seu apoio a Aécio Neves. A Comissão Executiva do partido contabilizou 21 votos a favor do tucano e um para a pestista. Outras seis pessoas optaram pela neutralidade do segundo turno.

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Luciana Genro (PSOL), quarta candidata mais votada, convocou uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira. Aos jornalistas, a candidata afirmou: “O que temos de consenso é de que não daremos nenhum voto para o Aécio, que evidentemente significa retrocesso. Isso não significa apoio a Dilma, tem muitos eleitores do PSOL que vão declarar voto nulo, por exemplo”.

Após o encontro com a imprensa, o PSOL divulgou uma nota oficial reiterando o que foi falado por Genro. Diante das opções do segundo turno, o deputado estadual mais votado no Rio de Janeiro, Marcelo Freixo, disse que votaria em Dilma Rousseff, também ressaltando que isso não configurava apoio à candidata. Em entrevista à rádio CBN, o deputado ponderou: "Tenho muitas críticas ao governo do PT, da Dilma, no que diz respeito à Reforma Agrária, aos direitos das minorias, à política econômica, que são públicas. Mas não admito a possibilidade de um retrocesso que eu entendo que possa haver com um governo tucano. Independente do que o partido vier a decidir, eu vou votar na Dilma no segundo turno”.

A nota do partido diz que “o PSOL orienta seus militantes a tomarem livremente sua decisão dentro dos marcos desta Resolução, conscientes do significado sobre o voto no segundo turno, dia 26 de outubro, e agradece mais uma vez a todos o(a)s seus/suas eleitore(a)s e apoiadore(a)s pela confiança recebida nestas eleições”.

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O PSC, que lançou a candidatura de Pastor Everaldo, por sua vez, declarou apoio a Aécio Neves. Na segunda-feira (6) o tucano teria procurado o candidato derrotado em busca de apoio. “Pelos seus ideais, o partido faz opção pelo senador Aécio Neves. Estaremos daqui a pouco com ele para manifestar nossa decisão em favor do seu nome. Vemos nele a opção de cuidar dos pobres e mais necessitados e dos empreendedores. É o melhor para extirpar a corrupção, retomar a credibilidade do país no exterior, criar oportunidades para todos os brasileiros”, disse antes da oficialização da aliança.

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O apoio do Partido Verde à candidatura de Aécio Neves surpreendeu grande parte dos eleitores. Nos últimos dias, Eduardo Jorge publicou em seu Twitter a dificuldade de escolher entre os dois candidatos. Na terça-feira (7), ele publicou no microblog que “Realmente para um ecologista, pacifista e socialista democrático, é difícil escolher entre dois socialistas do século 20 (ou 19...)”. 

No mesmo dia, Eduardo Jorge usou a rede social para fazer outra observação referente ao pleito. “Puxa vida, que divisão! Seria mais fácil pra mim ir pra casa, como em 2010. Mas isso seria uma covardia. Não vou fazer isso”, escreveu.

No meio da tarde desta quarta-feira, porém, o PV divulgou sua posição final. Apesar de anunciar que apoiará Aécio, a Direção Nacional do partido disse que “Aécio e Dilma são igualmente deficitários e devedores nas políticas que o PV agrupa no capítulo Cultura de Paz”. O texto diz ainda que “o PV, respeitando os méritos, limitações e deficiências que existem nos dois campos em luta no segundo turno, decide pelo apoio crítico e independente ao candidato Aécio Neves. Crítico, pois continuaremos sem qualquer recuo com as nossas bandeiras que não forem acolhidas por este candidato. Independente, pois nada pedimos em troca do nosso apoio”. O Jornal do Brasil tentou entrar em contato com o ex-candidato, mas não recebeu retorno até o fechamento desta reportagem.

Nas redes sociais, Eduardo Jorge foi criticado por eleitores. Através do Twitter e do Facebook o ex-candidato tentou justificar a escolha, mas, ainda assim, as reclamações continuaram. Em sua Fanpage, ele escreveu: "O PV é um partido democrático e antitotalitário que quer construir um Brasil melhor. A posição de neutralidade, no caso de um partido político como o nosso, não é aceitável. No segundo turno, que vai decidir os rumos do Brasil nos próximos anos, não podemos nos omitir. Seria um egoísmo partidário. Uma posição até cômoda que preservaria o PV para futuros embates, porém não construtiva. Antes de julgamentos, gostaria que vocês lessem o texto completo sobre as razões que nos levaram a nossa posição no segundo turno".

Imediatamente, eleitores começaram a se manifestar. "Essa escolha é decepcionante", disse uma seguidora. Outra, escreveu: "Por um momento fiquei dividida entre votar na Luciana Genro ou no senhor. Obrigada por, com esta atitude, me dar a certeza que escolhi certo votando na Luciana Genro". Revoltado, um eleitor também comentou a publicação de Eduardo Jorge. " Um candidato progressista, que defende o direito da mulher sobre aborto e descriminalização da maconha, condena homofobia, vai e apoia uma chapa extremamente preconceituosa, cheia de ideias atrasadas, onde seu eleitorado tem extrema aversão qualquer pensamento progressista. Não existe sentido. Defendi suas ideias, por serem avançadas. Não consigo entender o tamanho dessa besteira de ir apoiar Aécio Neves", disse.

Uma usuária da rede social se disse arrependida de ter votado no candidato do PV. "Decepção! Me arrependo de ter votado em você", comentou. Outro eleitor disse: "Decepcionante a postura do Sr. em relação ao segundo turno. Para alguém que discutia temas tão conflitantes com a abrangência que o Sr. fez e agora apoiar o Aécio Neves é realmente decepcionante". Sobre a justificativa apresentada por Eduardo Jorge, uma eleitora escreveu: "Gente!!! O que é essa justificativa??? O candidato simplesmente viu o que quis ver. Aécio ser financiado por empresas que alimentam trabalho escravo não pesou nada. Aécio NÃO fala nada sobre combustíveis fósseis - e apesar da averso do pt, foi no governo Lula que se iniciou um investimento em etanol. Eduardo Jorge, melhore. Esperava de vc (sic) um homem POLITICO, com argumentos POLÍTICOS. Não um apoio a Aécio porque não quero Dilma. Francamente!".

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Ainda segundo a nota, “O PV cumpre sua obrigação política e democrática de se posicionar em um segundo turno decidido pelo povo brasileiro e preserva integralmente seu caráter e seu papel de partido ambientalista representante da corrente internacional dos partidos verdes no mundo. Um partido necessário para construção de um Brasil justo democrático e sustentável”.

*Do Programa de Estágio do JB