Chevrolet Cobalt ou Hyundai HB20 S?
Com preços praticamente iguais, os renovados sedãs travam duelo equilibrado
Permanecer na famosa zona de conforto ou arriscar? No fim do ano passado, ao reformular completamente o criticado design, refinar o acabamento e embutir mais tecnologia, a Chevrolet Cobalt fez sua escolha: buscar novos desafios! Agora, o ‘xodó’ dos taxistas não quer mais competir com os sedãs pequenos para se aventurar entre os compactos. Mas a dúvida que fica é, será que tem ‘estofo’ para isso?
Quem pode responder a esta pergunta é o Hyundai HB20 S, o desafiante deste comparativo.
>> Jaguar F-Pace chega ao Brasil em julho para tirar reinado do Porsche Macan
Colocamos frente a frente as versões topo de linha com preços extremamente próximos e equipadas com transmissão automática de 6 marchas. No caso do grandalhão fabricado em São Caetano do Sul, no ABC Paulista, a opção Elite parte de R$ 68.990. No entanto, o modelo avaliado custa R$ 70.390 por conta dos R$ 1.400 cobrados pela cor metálica (Prata Switchblade). Já o garoto produzido em Piracicaba, interior de São Paulo, a configuração Premium sai por iniciais R$ 68.895. Com o acréscimo de R$ 1.100 do Cinza Titanium da unidade das fotos, a cifra salta para R$ 69.995. Resumindo, diferença irrisória de R$ 395.
E por estes valores, as listas de equipamentos são interessantes. Aliás, Cobalt e HB20 S entregam tudo o que está à disposição – não há opcionais, além das cores. Os dois vão muito além do que chamamos de ‘novo básico’ do consumidor brasileiro, que é ar-condicionado, direção hidráulica, travas e vidros elétricos. Chevrolet e Hyundai têm rodas de liga leve de 15 polegadas, revestimento dos bancos em couro, banco do motorista com ajuste de altura, alarme periférico, faróis de neblina, sensor crepuscular (acendimento automático dos faróis), ISOFIX para fixação de cadeirinha, retrovisores externos com ajustes elétricos e computador de bordo.
E as cerejas do bolo para os dois competidores – levando-se em conta tecnologia e conectividade – são as centrais multimídia MyLink II no Chevrolet e blueMedia, no Hyundai. Ambas têm tela de 7 polegadas sensíveis ao torque e oferecem o recurso do momento, o chamado espelhamento (reproduzem a tela do smarthphone na tela da central). Os dois são compatíveis ao Apple CarPlay, no entanto somente o Cobalt se conecta ao Android Auto, enquanto o HB20 S vai de Car Link (conectividade com alguns aparelhos Samsung e LG). Os dois sistemas são extremamente intuitivos e perde-se pouco tempo para se adaptar.
O Chevrolet, porém, leva vantagem em dois itens em comparação ao oponente de ‘olhos puxados’: câmera de ré e sistema OnStar. Este segundo é a ‘menina dos olhos’ da fabricante norte-americana. Com um e-mail e telefone registrados pela concessionária no momento da compra do veículo, o motorista pode, pressionando um botão no espelho retrovisor interno, entrar em contato com uma central de informações. Uma atendente do outro lado da linha – obviamente o Cobalt está pareado a um smathphone – está preparado para qualquer tipo de informação, como um hospital próximo, uma concessionária para realização de um serviço de manutenção, o telefone de algum local e – acreditem – até o resultado do seu time do coração na última rodada.
Nós solicitamos o endereço de um supermercado 24 Horas nas proximidades da Freguesia do Ó, Zona Norte de São Paulo. Em menos de 2 minutos já estava com as informações nas mãos. A principal desvantagem do OnStar do Cobalt para o do Cruze, por exemplo, é que no do sedã médio a atendente, ao ter a localização de um ponto de interesse solicitada, encaminha a informação direto para o GPS. No Cobalt esta excelente comodidade não ocorre.
No Hyundai há sensor de estacionamento traseiro – uma boa alternativa (mais barata, inclusive) à câmera de ré. E além do airbag duplo frontal, como a lei manda e o Cobalt também tem, o HB20 S oferece também bolsas infláveis laterais para tórax.
Rodando
Apesar de utilizarem transmissões automáticas de seis velocidades, Cobalt e HB20 S utilizam motores diferentes. O Chevrolet utiliza um retrabalhado 1.8 16V EconoFlex de apenas 108 cv de potência máxima, enquanto o Hyundai ostenta um propulsor menor e mais moderno 1.6 16V de 128 cv – ambos abastecidos com etanol. São 20 cv de diferença apenas, mas que no ‘frigir dos ovos’ fazem muita diferença. É nítido como o desafiante ‘asiático’ tem mais fôlego nas rodovias.
A vantagem numérica do ‘norte-americano do ABC’ é o maior torque: 17,1 kgf.m a 5.400 rpm diante de 16,5 kgf.m a 5.000 giros. Ao contrário da potência, esta diferença de força não é perceptível. Com um câmbio melhor escalonado e muito mais em sintonia com o propulsor, o HB20 S consegue acelerações e retomadas tão satisfatórias quanto o Cobalt. É preciso destacar que a diferença de peso entre os dois modelos não é gritante: 1.135 kg (Chevrolet) e 1.086 (Hyundai).
E no cotidiano é possível notar um comportamento muito mais suave do HB20 S. O motor é linear e a transmissão passa as marchas – para cima ou para baixo – com maior suavidade. O nível de ruído interno também é menor.A caixa do Cobalt transmite a sensação de ser muito para um motor já ultrapassado. E a combinação dos dois deixa o Chevrolet mais ‘truculento’ – as trocas de marcha são mais perceptíveis, gerando um certo incômodo.
A suspensão dos dois tem ajustes firmes e confortáveis. Por ter dimensões mais avantajadas, as inclinações da carroceria do Cobalt são ligeiramente mais nítidas nas frenagens bruscas e curvas mais fechadas. No entanto, quero destacar, nada que cause desconforto ou insegurança.
Com relação à ergonomia, o Hyundai também me agradou mais. E por um motivo simples: é mais fácil encontrar a melhor posição ao volante. O Cobalt tem apenas ajustes de altura do assento e da coluna de direção. O HB20 S vai além, com regulagem de profundidade também. Pode parecer ‘história para boi dormir’, mas este tipo de ajustes que ajuda demais a vestir o carro e que nos congestionamentos faz o corpo se cansar menos.
