Financiar o carro com bancos pode custar menos

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Luiz Urjais, Jornal do Brasil

RIO - São muitas as ofertas e facilidades para quem deseja comprar um carro e precisa financiá-lo. Prazos mais longos (há parcelamentos em até 80 meses), financiamento calculado direto nas concessionárias e possibilidade de entrada ou juros zero são algumas das vantagens atualmente oferecidas pelo mercado. A ansiedade, no entanto, pode levar o consumidor a fazer um mal negócio. Uma pesquisa realizada pela Pro Teste (Associação de Defesa do Consumidor), entre dezembro de 2009 e janeiro deste ano, constatou que nos bancos, negociando bem as taxas, o custo do financiamento pode sair mais em conta do que na concessionária.

A pesquisa comprovou também que a venda de carros a prazo, sem juros, só se aplica para modelos mais caros, com 50% de entrada e parcelamento do restante em até 24 meses. O estudo leva em conta o CET (Custo Efetivo Total), que inclui, além dos juros, todas as taxas cobradas. De acordo com a Pro Teste, é o CET que o consumidor precisa comparar para saber quanto realmente vai pagar pelo veículo.

É preciso ainda verificar as condições das diferentes modalidades de financiamentos. O Crédito Direto ao Consumidor (CDC), segundo a Pro Teste, é mais vantajoso que o leasing (contrato de financiamento com opção de compra), já que este não possibilita a quitação antecipada da dívida.

O estudo mostra que no financiamento via CDC de um carro de R$ 25 mil, a ser pago em 24 vezes com 40% de entrada, o CET varia entre 23% e 42% nas concessionárias. Já nos bancos, um veículo de R$ 27 mil a ser pago nas mesmas condições, o custo varia entre 19% e 33%.

Segundo a economista da Pro Teste, Hessia Costilla, o trabalho conclui que os bancos estão ofertando um crédito mais em conta, mesmo assim, a indicação é que o consumidor use seu poder de barganha.

Mostramos o caminho que deve ser seguido e as possíveis armadilhas que estarão pela frente. Mesmo que o banco ofereça as melhores condições de financiamento, o comprador deve voltar à concessionária e renegociar a contratação ensina Hessia.

O técnico de informática Igor Faria Rodrigues pesquisou preços durante dois meses, antes de comprar seu carro e acredita ter feito um bom negócio. Além de consultar sites na internet, ele calculou quanto iria pagar pelo veículo.

Dei uma entrada de R$ 3 mil e parcelei o restante em 60 vezes, com juros de 1,79% ao mês, pelo sistema de leasing, única opção de compra oferecida pelo meu banco, porque eu estava entrando numa empresa e não tinha renda suficiente para a compra via CDC relata.

Hessia Costilla alerta que o consumidor deve ficar atento ao contrato, uma vez que as concessionárias costumam oferecer o leasing sem avisar o consumidor sobre o CDC e as diferenças entre eles.

Na essência, o leasing é um aluguel com opção de compra. No entanto, ele é vendido como CDC, sob a alegação de que a taxa de juros é mais em conta neste. A maioria dos bancos oferece financiamento dos dois tipos explica Hessia.

A assistente financeira Érica Vargas da Silva não fez levantamento de preço e se arrepende. Ela aproveitou apenas a facilidade de aprovação de crédito imediato oferecida pela concessionária. Não dei entrada alguma e parcelei em 48 vezes pelo sistema de leasing. Parcelei em 48 vezes. Se tivesse juntado um valor consistente, no banco, teria feito uma compra melhor , observa.

Lojas levam comissão maior em prazos longos

O vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Miguel de Oliveira, afirma que o comprador deve fazer simulações com as condições dos bancos com os quais a montadora trabalha e verificar, onde tem conta, se há uma linha pré-aprovada.

Se ele tem um bom histórico no banco, provavelmente, conseguirá juros baixos. Mas há casos em que a montadora oferece taxa melhor. Se o pátio da montadora estiver cheio, com certeza o preço da venda será mais flexível ressalta.

Oliveira explica que a concessionária recebe comissões sobre o valor da venda, de acordo com tabelas oferecidas pelos bancos. Quanto mais longo o prazo de financiamento, maior o repasse.

A concessionária só informa ao consumidor as condições do banco que oferece uma porcentagem maior de comissão sobre a venda. A loja só flexibilizará o financiamento se notar que o comprador obterá melhores condições em outro lugar destaca Oliveira.

Para quem prefere investir num consórcio. A Pro Teste ressalta que o investimento só vale a pena para quem é sorteado no início. Na compra de um carro de R$ 30 mil, por exemplo, só valeria entrar em um consórcio se sorteado até o 44º mês. Depois deste período, o mais vantajoso seria realizar depósitos mensais do mesmo valor da parcela do consórcio, em uma poupança ou fundo de renda fixa. Investindo por conta própria, é possível chegar ao valor do carro em um ano e quatro meses antes do término do consórcio.