Receio: e quando o petróleo acabar?
Olga Siénina, Rússia Hoje, JB Online
REDAÇÃO - É possível que nos próximos cinco anos ocorra uma catastrófica crise energética no mundo". Este é o prognóstico do principal economista da Agência Internacional de Energia (AIE), Fatih Birol. Entretanto, analistas russos afirmam que esta avaliação é útil, porém discutível.
A previsão da AIE se baseia na avaliação de mais de 800 jazidas de petróleo do mundo, que correspondem a 75% das reservas globais. A situação fica ainda mais complicada com a redução dos investimentos em extração, salientou Birol em entrevista concedida ao jornal Independent. O resultado do agravamento do déficit e o vertiginoso aumento dos preços do petróleo são o que o mundo verá nos próximos cinco anos.
É interessante que, até o fim do ano passado, os prognósticos de extração de petróleo da AIE levava em consideração a análise da demanda. Agora, a agência resolveu considerar também dados geológicos, reconhecendo indiretamente, desta forma, as apreensões dos partidários da teoria da produção máxima de petróleo . O seu formulador, o geólogo da Royal Dutch/Shell, Arion Hubbert, propôs na década de 50 que o pico da extração de petróleo no mundo seria atingido no fim do século 20. Embora o prognóstico global de Hubbert tenha falhado, ele previu o pico de extração nos Estados Unidos de forma bastante exata entre as décadas de 1965 e 1970. Em prognósticos feitos mais tarde, os seus picos subsequentes da extração mundial foram adiados para 2015, 2035 e até para 2040.
O prognóstico para o pico de extração se altera dependendo não só dos recursos, mas também de fatores econômicos, afirma Dmitrievski, diretor do Instituto de Problemas do Petróleo e Gás da Academia Russa de Ciências, compartilhando os temores da AIE relativamente aos ritmos lentos de entrada em exploração de novos campos. É evidente que os recursos petrolíferos não são renováveis, mas também ainda está longe a descoberta de tudo. A Rússia ainda deverá colocar em operação 60% de novas jazidas , acredita Dmitrievski. Essas descobertas, evidentemente, não são para a época do petróleo barato. Em compensação, elas dão esperança de que o pico da extração seja adiado.
A previsão da AIE é útil porque leva os políticos e os empresários a planejar o futuro partindo de cenários piores , diz Valiéri Niestierov, analista da empresa de investimento Troika-Dialog. Quanto aos prazos do início do pico pode-se discutir, mas o problema do possível surgimento do déficit das reservas prospectadas é evidente, afirma ele. O problema é que as petrolíferas, seguindo os ciclos de preços, investem em pesquisa de forma irregular apenas em período de petróleo caro, diz Niestierov.
A crise favorece os investidores estrangeiros que desejam extrair petróleo na Rússia, diz Niestierov. Para exploração na plataforma continental, realmente são necessários investimentos bilionários. E o governo, em sua opinião, está começando a entender que a escolha de Moscou não é grande: ou a exploração das jazidas em águas profundas vai esperar 150 anos ou para a sua exploração será preciso atrair corporações internacionais com bom potencial técnico e financeiro.
