Greenspan é o culpado pela crise
Jornal do Brasil
RIO - Levantamento de jornal britânico elege ex-presidente do Fed o responsável pelo colapso
A pior crise econômica desde a Grande Depressão não é um fenômeno natural, e sim um desastre fabricado pelo homem no qual todos tiveram a sua participação . Com essa explicação, o jornal britânico The Guardian publicou, na terça-feira, em seu site na internet o resultado de uma pesquisa realizada por editores e repórteres, selecionando 25 pessoas que estiveram ativamente no centro da atual crise financeira internacional (e outras seis que sabiam o que estava acontecendo ).
A relação traz dois presidentes de bancos centrais, quatro políticos, 15 banqueiros e representantes de Wall Street, e 11 incluídos na categoria outros .
O primeiro da lista é Alan Greenspan, o ex-chairman do Fed (de 1987 a 2006) que deu seu apoio aos empréstimos sub-prime, mas antes era reverenciado como oráculo ou o maestro . Segundo a pesquisa do jornal britânico, ele é encarado como um dos maiores culpados pela crise, por ter defendido, durante muitos anos, os florescentes negócios com derivativos praticamente inexistentes quando assumiu no Fed, mas que passaram de US$ 100 trilhões em 2002 para mais de US$ 500 trilhões cinco anos mais tarde.
Outro culpado, segundo a pesquisa, é o presidente do Banco Central da Inglaterra, Mervyn King, que assumiu seu cargo quando a economia britânica atravessava uma fase tranqüila. Diz o diário que ele deveria ter percebido a aproximação da bolha imobiliária e entrado em ação.
Categorias
Com os culpados separados por categorias, vem a seguir a relação de políticos, encabeçada por Bill Clinton. Em 1977, ele reforçou a lei para reinvestimento comunitário para forçar os fornecedores de crédito hipotecário a liberalizar suas normas a fim de permitir que pessoas com menos recursos pudessem solicitar créditos imobiliários.
O atual primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, também não escapa. George Bush, ex-presidente, é criticado por não ter feito nada para colocar um freio nos créditos subprime que a legislação de Clinton favoreceu. Ainda entre os políticos, entra o ex-senador pelo Texas Phil Gramm, que foi um ardente defensor da desregulamentação financeira.
A categoria com o maior número de integrantes é a de banqueiros e representantes de Wall Street, na qual aparece Abby Cohen, principal estrategista do Goldman Sachs. Depois vem Kathleen Corbett, ex-principal executiva da Standard & Poor's, Hank Greenberg, do grupo AIG; Andy Hornby, ex-presidente do HBO pelas decisões erradas na fusão com o Halifax; Sir Fred Goodwin, ex-presidente do RBS, um dos empresários favoritos de Gordon Brown; Steve Crawshaw, ex-presidente da Bradford & Bringley ; Adam Applegarth, ex-presidente do Northern Rock; Dick Fuld, principal executivo do Lehman Brothers; Ralph Cioffi e Matthew Tannin, do Bear Stearns; Lewis Ranieri, do falido Franklin Bank Corp; Joseph Cassano, da AIG; Chuck Pince, ex-presidente do Citi; Angelo Mozilo, do Countrywide Financial; Stan O'Neal, ex-presidente do Merryl Lynch e Jimmy Caine, do Bear Stearns.
Na categoria Outros , entram o democrata Christopher Dodd, presidente da comissão bancária do Senado; Geir Haard, primeiro-ministro da Islândia (que esta semana anunciou sua saída); e por que não? os norte-americanos, por gastarem além de suas posses.
Por último, o jornal acrescenta seis outros que sabiam o que iria acontecer : John Tiner, principal executivo da Financial Services Authority, da City londrina; Andrew Lahde, presidente de um fundo de hedge; John Paulson, também presidente de um fundo de hedge; o professor Nouriel Roubini; Warren Buffett, investidor; George Soros, especulador, e Stephen Eismann e Meredith Whitney, da Oppenheimer Securities.
