Pobreza no Brasil aumenta 1 Portugal em 2021
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Em 1974, quando houve a “Revolução dos Cravos Vermelhos” em Portugal, pondo fim ao regime salazarista continuado pelo primeiro-ministro Marcelo Caetano, Chico Buarque, em parceria com o angolano Ruy Guerra, compôs, com inveja da redemocratização portuguesa, o “Fado Tropical”, que dizia: “Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal. Ainda vai tornar-se um imenso Portugal!”.
Pois a mais recente edição do “Mapa da Nova Pobreza”, lançada hoje pela FGV Social, sob coordenação do economista Marcelo Neri revela que em 2021 o contingente de pessoas com renda domiciliar per capita até R$ 497 s mensais atingiu 62,9 milhões de brasileiros em 2021, cerca de 29,6% da população total do país. Este número de 2021 corresponde a 9,6 milhões a mais que 2019, quase um Portugal (10,3 milhões de habitantes) de novos pobres surgidos ao longo da pandemia.
Pobreza nunca esteve tão alta
Segundo Marcelo Neri, “a pobreza nunca esteve tão alta no Brasil quanto em 2021, desde o começo da série histórica da PNADC em 2012, perfazendo uma década perdida”. Ele demonstra na atualização do Mapa da Nova Pobreza que o ano de 2021 “é ponto de máxima pobreza dessas series anuais para uma variedade de coletas amostrais, conceitos de renda, indicadores e linhas de pobreza testados”, e que são corriqueiramente visto pelos cidadãos nas ruas.
A pesquisa compilou dados de pobreza entre os 146 estratos geográficos nacionais e em todas as 27 unidades da Federação. A que registrou a menor taxa de pobreza no ano passado foi Santa Catarina (10,16%); a maior proporção de pobres foi encontrada no Maranhão com 57,90%.
Impacto da pandemia
A pesquisa explorou novas possibilidades para segmentar o país em 146 estratos espaciais: aquele com maior pobreza em 2021 é o Litoral e Baixada Maranhense com 72,59%, já a menor está no município de Florianópolis com 5,7%. Uma relação de 12,7 para um refletindo a conhecida desigualdade geográfica brasileira, alerta Marcelo Neri.
Numa análise da variação geográfica da pobreza durante o período da pandemia, ficou evidente o crescimento da pobreza entre 2019 e 2021. Pernambuco registrou o maior aumento, com avanço de 8,14 pontos percentuais no grau de pobreza. As únicas quedas de pobreza no período foram observadas em Tocantins (0,95 p.p.) e Piauí (0,03 p.p.).
No RJ, pobreza na Baixada
No Estado do Rio de Janeiro, a pesquisa agrupou os 92 municípios fluminenses em oito estratos espaciais: as taxas de pobreza foram de 16,68% na capital e mais nas periferias do Grande Rio: No Arco Metropolitano de Niterói e São Gonçalo ficou em 20,96%). Cresceu para 30,48% no Arco Metropolitano de Duque de Caxias, cujo ex-prefeito, Washington Reis, será candidato a vice na chapa de reeleição do governador Cláudio Castro.
Mas a pobreza bate recorde no Arco Metropolitano de Nova Iguaçu (que compreende os municípios de Queimados, Japeri e Seropédica, com o dobro da capital: 33,24%.
No interior há a mesma discrepância. Na região Serrana é de 20,18%. Na Região dos Lagos cresce para 22,6%) se eleva a 25,33% no Vale do Paraíba e na Costa Verde do RJ, mas ainda todas abaixo dos 16,12% do “tradicionalmente pobre Norte Fluminense, onde os efeitos de algo temporário da economia do petróleo se fazem sentir”, conclui Marcelo Neri.
