Depois do furo no teto, Itaú prevê queda de 0,5% no PIB de 2022

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Por Gilberto Menezes Côrtes

Usuários do banco dizem que estão sem saldo na conta

O Departamento de Estudos Econômicos do Itaú, que já era dos mais pessimistas sobre o desempenho da economia em 2022, quando previa aumento de apenas 0,5% no PIB (o Ministério da Economia previa avanço de 2,5%), piorou as projeções para a economia brasileira após o furo no teto de gastos públicos que pioram o quadro fiscal para 2022 e 2023, e agora acredita que o país vai ter recessão de 0,5% no ano eleitoral de 2022.

As explicações do Itaú:

“Notícias sobre o aumento dos gastos fiscais aumentaram as dúvidas sobre o futuro do arcabouço fiscal no Brasil, que desde 2016 tem sido baseado em um teto de gastos ajustável. Embora a discussão sobre dominância fiscal pareça exagerada no momento, é verdade que, sem uma âncora fiscal crível, a tarefa do Banco Central de manter a inflação na meta se torna mais difícil”.

 

Copom sobe Selic em 1,50% para 7,75%; ciclo vai até 11,25%

Para o Itaú, “o aumento da incerteza fiscal implica em um risco-país mais alto, maior depreciação do real, piores perspectivas para a inflação e, em última instância, uma taxa de juros neutra mais alta. Levando em consideração esses fatores, entendemos que o Copom entrará em regime de contenção de danos e aumentará a taxa Selic em 1,5 p.p., para 7,75% a.a. em sua próxima reunião, seguido de outro aumento de 1,5 p.p. na reunião de dezembro, e encerrará o ciclo com duas altas adicionais de 1,0 p.p., a 11,25% a.a.

“Taxas de juros mais altas levarão a uma atividade econômica mais fraca, e agora vemos recuo moderado de 0,5% do PIB em 2022 (nossa projeção era de crescimento de 0,5% anteriormente)”.

 

Incerteza fiscal trava recuperação do real

“Apesar das taxas de juros mais altas, a maior incerteza fiscal irá, como indicado pela recente reação do mercado, limitar o espaço para a valorização do real. Agora projetamos taxa de câmbio em R$ 5,50 por dólar no final de 2021 e 2022, contra R$ 5,25 em nosso cenário anterior”, assinala o banco.

Para o Itaú, “um real mais fraco aumentará as pressões inflacionárias, mas o controle de danos do BCB deve limitar um contágio maior, com a inflação recuando para 4,3% em 2022, de 9,0% em 2021”.

O Depec do Itaú, chefiado pelo ex-diretor do Banco Central, Mário Mesquita, pondera, entretanto, que “uma rápida retomada da agenda de reformas, incluindo medidas como uma reforma administrativa ampla, que fortaleceria a flexibilidade e resiliência fiscais, poderia ajudar a aliviar as condições financeiras e reduzir a incerteza. Nesse cenário, a maior confiança do consumidor e das empresas pode levar a um crescimento mais rápido no próximo ano. Mas as reformas precisam avançar”, frisa o banco.