Itaú: importante é levar liquidez às pequenas e médias empresas
Ao analisar a ata do Copom divulgada nesta segunda (23), às 8h, antes da entrevista do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, quando foram anunciadas novas medidas de reforço à liquidez do sistema financeiro nacional, o Departamento Econômico do Itaú, maior banco privado brasileiro, destacou três efeitos da análise do Comitê de Política Monetária do BC, sobre os impactos da pandemia do coronavírus sobre a economia.
“Um vem do lado da oferta, relacionado à disrupção das cadeias de suprimentos devido às medidas voltadas para impedir a propagação da doença.
“O segundo refere-se a mudanças nos preços de commodities e ativos financeiros, que podem ter efeitos ambíguos (preços mais baixos do petróleo versus taxa de câmbio pressionada).
“O terceiro e, na visão do Copom, o mais importante, é um choque negativo de demanda. Esse choque, segundo as autoridades, justificaria um corte mais agressivo de juros, acima dos 0,50 p.p. vistos na semana passada.
Itaú prevê nova baixa da Selic a 3,25% ao ano
“No entanto, o Copom também alerta que as perspectivas para a política monetária dependem de continuidade das reformas econômicas, e observa que as taxas de juros neutras podem acabar subindo (se a resposta à crise levar a uma deterioração da política fiscal).
“Acreditamos que as autoridades devem voltar a reduzir a taxa Selic, quando a situação nos mercados se acalmar, levando a taxa para 3,25% a.a., mas não necessariamente na próxima reunião”.
Hora de socorrer as empresas
O Itaú destaca ainda que, “como forma complementar à divulgação antecipada da ata, o BCB anunciou um conjunto abrangente de medidas para oferecer liquidez ao sistema, que pode chegar a 16,5% do PIB. Isso se compara a 3,5% em 2008 (no entanto, naquele momento o BCB tinha mais margem de manobra na Selic do que tem agora)”.
O Banco considera que “são medidas úteis e importantes, que devem fornecer alguma ajuda”, mas destaca: “o principal ponto não é amparar o sistema em si, e sim como levar liquidez às pequenas e médias empresas”.