Empréstimo prometido por Bolsonaro a caminhoneiros sai semana que vem, diz BNDES

Financiamento foi anunciado logo após recuo da Petrobras em reajuste do diesel depois de telefonema de Bolsonaro ao presidente da estatal

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Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) prevê a abertura na próxima semana do programa de empréstimos a caminhoneiros prometido pelo governo Jair Bolsonaro há um mês, como esforço para evitar nova paralisação da categoria.

O banco separou R$ 500 milhões para o programa, mas o valor pode dobrar se houver demanda, disse nesta terça (14) o presidente da instituição, Joaquim Levy. "Pode chegar a R$ 1 bilhão sem a menor dificuldade", afirmou o executivo.

O programa prevê empréstimos de R$ 30 mil para manutenção de caminhões e foca em motoristas autônomos que têm, no máximo, dois veículos e em cooperativas. Os empréstimos serão concedidos por bancos privados parceiros do BNDES.

Levy disse que já recebeu autorização do Ministério da Fazenda para dar início ao programa e se reunirá esta semana com os bancos parceiros para discutir detalhes sobre a operação. O modelo já havia sido pré-aprovado em reuniões prévias da diretoria do BNDES.

"A ideia é dar condições, em um momento de desafio do setor, de que o caminhoneiro tenha recurso para preservar o capital dele", disse o presidente do BNDES. "Como todo banqueiro, quero que o ativo que eu emprestei tenha o máximo rendimento e mantenha o seu valor."

A concessão de financiamentos para a compra de caminhões durante governos petistas é apontada por especialistas como uma das causas da crise atual, ao ampliar a oferta de transporte em um período de demanda em baixa.

O financiamento para a manutenção de caminhões foi anunciado no dia 16 de abril, logo após recuo da Petrobras em reajuste de 5,7% no preço do diesel depois de um telefonema do presidente Jair Bolsonaro ao presidente da estatal, Roberto Castello Branco.

Levy disse que bancos parceiros do BNDES já concederam R$ 509 milhões em empréstimos para a compra de tratores e máquinas agrícolas, prometidos pela ministra do Meio Ambiente Tereza Cristina Dias também no mês passado.

"Os recursos foram embora rápido como pãezinhos quentes", brincou Levy. O banco John Deere, ligado a fabricante de mesmo nome, foi o que mais emprestou recursos: R$ 151 milhões, ou 28,5% do total.

NICOLA PAMPLONA